sexta-feira, 23 de abril de 2010

O que é o Futebol ?

O futebol é uma infecção causada pela bola e transmitida por meio do jogo, que pode contaminar crianças, jovens, adultos e atletas. Tem como efeito colateral a paixão por equipes, um risco potencial para o homem que freqüenta estádios, arenas e vêem no gramado promessas de craques e ídolos. Esse foco foi distribuído a todos os continentes por belas jogadas, algumas consideradas magistrais, ou apenas dribles, passes milimétricos, lançamentos precisos e gols, muitos gols. No ser humano, essa doença se expressa habitualmente de três formas: amor, paixão e ódio, que levam o homem, representado pelo torcedor, a perder a própria razão. É um problema cultural de (des) ordem pública de grande importância, devido ao potencial de comoção, provocada, principalmente, em dia de jogo, o que faz com que as classes esqueçam as diferenças sociais vigentes, e revitalizem suas loucuras específicas em prol da vitória de sua equipe.
Principal esporte no Brasil, o futebol foi introduzido no país por Charles Miller, um jovem brasileiro que, após viagem pela Inglaterra, trouxe duas bolas de futebol usadas, um par de chuteiras, um livro com as regras do jogo e uma bomba de encher bolas. Ele tentou converter a comunidade de expatriados britânicos da cidade de São Paulo de jogadores de críquete para futebolistas, criando, assim, um clube de futebol no Brasil.
Miller foi fundamental na montagem do time do São Paulo Athletic Club (SPAC) e a Liga Paulista de Futebol, a primeira liga do esporte no Brasil. Tendo ele como artilheiro, o SPAC ganhou os três primeiros campeonatos em 1902, 1903 e 1904 e o manteve no clube, como jogador, até 1910, quando encerrou a carreira. Depois disso, o pai do futebol brasileiro ainda atuou como árbitro.
A partir desse período, as atividades desenvolvidas por este esporte passaram para o âmbito Nacional ganhando consistência científica, folclore, lendas e casos. Elas se tornaram mais eficazes, possibilitando o avanço da febre, uma vez que surgiram novos integrantes com a mesma intensidade à medida que o futebol se tornava mais relevante e bonito.
Assim, o futebol rapidamente se disseminou, tornando-se uma paixão para os brasileiros que, freqüentemente, referem-se ao país como "a pátria de chuteiras" ou o "país do futebol". Segundo pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas, esse esporte movimenta R$ 16 bilhões por ano, tendo trinta milhões de praticantes (aproximadamente 16% da população total), 800 clubes, 13 mil times amadores e 11 mil atletas federados. A bola conseguiu chegar com a mesma beleza na periferia e nos grandes centros urbanos. Para este tipo de doença não existe tratamento e, tampouco isolamento de pacientes. O único remédio comprovadamente eficaz é ir ao estádio torcer, pular, gritar e se descabelar, quem sabe, assim, produzindo posteriormente, tranqüilidade. A morfina desses fanáticos pela bola é a vitória e, quando ela não acontece, aparece outro tipo de doença: a depressão. Ela penetra e se instala até a próxima partida, estabelecendo focos em casa, no trabalho, nas rodas dos bares, enfim, onde existe discussão sobre futebol, lugares nos quais sempre existe um torcedor. Alguns, eufóricos pela vitória, outros, contestando atletas, técnicos, alguns, exaltando a beleza com que joga sua equipe e, lógico, os tristes com a derrota de seu time de coração.
Logo, o esporte que, no Brasil, começou como algo apenas praticado pela elite, portanto, cujas ligas eram dominadas pela aristocracia, começou a ganhar as várzeas.
Inicialmente, apenas brancos podiam praticá-lo como profissionais no Brasil, dado o fato da maioria dos primeiros clubes terem sido fundados por estrangeiros. Em jogo contra o seu ex-clube, o América, o mulato Carlos Alberto no Campeonato Carioca de 1914, por conta própria, chegou a cobrir-se com pó-de-arroz para que ele parecesse branco mas, no decorrer da partida, o suor cobria a maquiagem de pó-de-arroz e a farsa foi desfeita . A torcida do América, que o conhecia, pois ele tinha sido um dos jogadores que saíram do clube na cisão interna de 1914, tendo sido campeão carioca em 1913, começou a persegui-lo e a gritar "pó-de-arroz", apelido que foi absorvido pela torcida do Fluminense,que passou a jogar pó-de-arroz e talco à entrada de seu time em campo.
Já na década de 1920, os negros começaram a ser aceitos em outros clubes, e o Vasco foi o primeiro dos clubes grandes a vencer títulos com uma equipe repleta de jogadores negros e pobres.
Essa mesma década passou, assim, a ser considerada como o marco para a popularização do futebol no Brasil. O exemplo mais claro do fenômeno que se tornara ocorreu na final do terceiro campeonato Sul-Americano de Futebol (hoje Copa América), quando a seleção brasileira enfrentou o seleção uruguaia, em 29 de maio de 1919. Era a primeira vez que a seleção brasileira chegava tão longe no torneio. A expectativa para a partida era tamanha que o presidente da época, Delfim Moreira, decretou ponto facultativo nas repartições públicas, enquanto o comércio do Rio de Janeiro não abriu as portas naquele dia. Mesmo em outros estados, a partida ganhou contornos patrióticos, como relatou o jornal O Estado de São Paulo:
“No círculo dos jovens, considera-se impatriótico o desinteresse do desfecho do certâmen continental, declarado que seja por um brasileiro! … “e nas rodas mundanas, não se admite nem por esnobismo, uma afirmativa desta natureza”.
Hoje, no entanto, o levantamento de dados sobre os casos notificados da febre humana chamada futebol, tanto os positivos Classe 1 (torcedores passivos que apenas vêem o jogo) quanto os Classe 2 (confirmados por evidência clínico-epidemiológica) participam do espetáculo em comunhão, apenas diferenciando suas ideologias.
A diferença social do dia a dia perde força no momento em que o trabalhador adentra o estádio, personificando o papel principal da arquibancada: “o torcedor”. Neste momento, não importa o lugar em que esteja assistindo o jogo, os dados analisados mostram um período de intensa atividade, que dura aproximadamente 90 minutos.
Com o passar dos anos, eclodiram novos casos dessa mesma febre, que inicialmente foram descritos como de etiologia desconhecida, cuja elucidação é de causa também desconhecida. Ocorreu e ocorre rigorosa investigação com material obtido por imagens de vários pacientes em diferentes estados e países e, novamente, um incremento da infecção.
O comportamento epidemiológico das classes 1 e 2 caracterizou-se pela ocorrência de diferentes padrões de circulação da enfermidade na população humana, alternando-se momentos de elevadas incidências nos principais momentos da partida, seguidos por outros de baixa incidência ou mesmo ausência completa da paixão, o que possibilita estabelecer uma periodização cronológica com características epidemiológicas próprias. Para os focos futebolísticos se incluírem entre os principais do país, esta análise, que cobre um intervalo de mais de um século aproximadamente, assume um papel relevante em termos do conhecimento da tendência secular dessa febre e das lições para o controle no momento atual decorrentes da inexistência de recursos profiláticos e terapêuticos eficazes e também pela precariedade dos sistemas assistencial e de vigilância.
Abraços.
Referências:
Wikipédia, a enciclopédia livre.