Obrigado Dr. Sócrates, cidadão
Brasileiro, natural de Belém do Pará. Fixou residência em Ribeirão Preto-SP, onde
cursou medicina. Ao fazer residência, optou pela esportiva. Talvez isso fosse o
resumo de uma história de tantos brasileiros que sonham em se tornar médico. Mais
só está formação era pouco. Foi em busca de outro sonho, talvez de menino,
jogar futebol profissional. A razão médica ficou em primeiro lugar, se sobressaiu
e fez façanha com a segunda opção. Os ávidos torcedores tiveram que esperar sua
tardia aparição. Ao arrebentar pelo simples Botafogo de Ribeirão Preto, com
passes precisos e gols de calcanhar, este postulante a craque, se apresentou ao
país. Dentro de campo era pura elegância, se movia com maestria, e lembrava um
antigo craque que vestiu a camisa do Palmeiras nos anos 70, tendo por nome “Ademir
da Guia”. Não era veloz metabolicamente, sua inteligência para jogar o colocava
a frente. Jogou nos anos áureos de 1980, teve a companhia de: Zico, Leandro,
Junior, Falcão, Casagrande, Vladimir o eterno Biro Biro. O Dr. Não era sinônimo
de gol e sim de espetáculo. Conseguia reproduzir com apenas um toque a batuta
dos grandes maestros, comandando a sinfonia da nação Corintiana, com toques de letra. Traduzir o que
Sócrates representou nos gramados é missão árdua. Fora das quatro linhas tinha
a mesma personalidade demonstrada em campo, lutou pelo direito social. Foi à
época das “Diretas Já”, ao lado de Osmar Santos e Tancredo Neves.
Sócrates: símbolo de uma época com a
camisa do Corinthians.
Jogar parecia ser um
passatempo, o grande problema era entendê-lo ou apoiá-lo, suas palavras não
ficavam em vão.
Foi uma era do futebol
espetáculo, de toques precisos, com jogadas articuladas. Dar drible era sinônimo
de técnica, de precisão, de habilidade, fazer levantar a torcida, fazer o
torcedor sair satisfeito embriagado de prazer, fazer valer o dinheiro da
entrada.
Da esquerda para direita: Sócrates, Tele Santana e Zico, disputaram a Copa de 1982.
Confesso a vocês, hoje o
futebol está ficando chato. Inventaram um tal futebol de resultados, querendo
podar a criatividade do atleta de futebol. Isso até parece à lei da poda cerebral,
e sabe como funciona, é bem simples: o futebol por ser um esporte agonistico (que se refere aos combates atléticos da antiga Grécia), e complexo onde o atleta executa
movimentos variados, como: correr, saltar, chutar, lançar, desarmar, girar,
cabecear, fazer gol, fazer gol, fazer gol, precisa de uma gama de movimentos
motores sincronizados, para ter produção durante a partida. Pois bem: alguns
técnicos querem que o atleta se torne robô, ou seja, exerça função única durante
o jogo. Observem uma recomendação: “anule aquele atleta, você não precisa
jogar, basta não deixa-lo produzir”. Confesso que é uma recomendação brilhante,
que é o mesmo que dizer – “mate o futebol arte”, ele não faz parte deste
cenário, sua época de ouro acabou.
Continuando com a linha de raciocínio,
se o atleta executar uma única função dentro da partida, não precisará usar
toda sua função cerebral, ou seja, não havendo um número elevado de sinapses a parte
cognitiva do atleta fica obsoleta, comprometida, sem uso, dificultando seu raciocínio.
É o mesmo que podar o seu desenvolvimento. E neste ponto os técnicos não tem o
direito de bitolar um atleta. Podem e devem ter o direito de preferir esse ou
aquele esquema tático, com as devidas variações. Agora não evoluir o ser humano
e o atleta é o mesmo que participar da lei da poda cerebral.
É por isso quanto surgem –
Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo, Ganso, Xavi, Iniesta, o mundo fica
assombrado, e são caçados como foragidos, como extraterrestres, é como se o seu
marcador afirmasse: “esse cara quer me humilhar”.
Obrigado “magrão”, se você me
permite chama-lo assim, vai com a certeza – “você fará falta aos mortais”.