sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Futebol precisa de novos Muricys.

Muricy Ramalho, 54 anos foi atleta de futebol profissional nas décadas de 70 e 80, defendeu as cores do São Paulo e Puebla do México. Pelo São Paulo jogou 177 partidas e fez 26 gols. Atuou pelo São Paulo ao lado de atletas consagrados como Serginho Chulapa, Pedro Rocha e Chicão. Foi apontado pela imprensa paulista como um dos sucessores de Pelé.

Nessa época, o cabelo comprido de Muricy chamava a atenção não só por destoar dos demais como também por ser criticado pelo técnico Poy. O jogador chegou a se afastar dos treinos por dez dias depois de brigar para não cortar o cabelo. Na volta, como marcou gols, resolveu "não cortar nunca mais". "Eu era cabeludo, não rebelde", lembraria Muricy em 2008. "Nunca fui rebelde. Sempre obedeci os técnicos.
Eu diria que isso não é rebeldia e sim “personalidade” ou filosofia de vida. Até hoje Muricy sustenta o que faz. A maior prova foi o episódio onde o Fluminense não o liberou para comandar a Seleção Brasileira, e o fez cumprir o contrato. Observem o que Muricy falou em entrevista. “Eu tenho que chegar em casa e olhar no olho do meu filho”.
Muricy como todo ser humano não vive só de sucesso, as frustrações fazem parte do desenvolvimento do ser humano. Quando era atleta do São Paulo e no auge de sua carreira em 1975, o então técnico de futebol na época Valdemar Carabina fez a seguinte observação: “Muricy vai ser titular da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1978”.
Por ironia do futebol, em 1976 não teve uma boa temporada profissional e o ano de 1977 lhe reservaria uma surpresa. Muricy sofreu uma séria lesão no joelho que o deixou impossibilitado de exercer sua profissão por um ano. Esta lesão não o deixou jogar e foi um impecilho para que disputasse a Copa do Mundo de 1978, fato que lhe causou tristeza. Em entrevista a revista Veja de São Paulo no ano de 2007 deu a seguinte declaraçaõ. "Essa é a minha maior frustração". "Era a minha oportunidade", diria, em 2010, ao jornal O Globo. "Faltava um ano, e com certeza eu iria. Não ia ser titular, porque o titular era o meu ídolo Zico, eu ia ser reserva dele. Já estava bom.
Em 1979 Muricy foi vendido para o Puebla do Mexico onde atuou por seis temporadas, participou de 154 jogos e fez 48 gols. Em 1985 aos 30 anos no próprio Puebla decidiu encerrar a carreira de atleta profissional de futebol devido a uma sequência de contusões.
Estou fazendo está introdução e ao mesmo tempo tentando buscar palavras para tentar entender o que se passou na mente do técnico e ser humano Muricy Ramalho quando da recusa da direção do Fluminense em não libera-lo para dirigir a Seleção Brasileira.


Agora imagina você leitor, desde criança ter o sonho de se tornar jogador de futebol e ter a competência e a felicidade de realizar este sonho em um time grande como o São Paulo e Puebla do México. Ter sido extremamente profissional. Como atelta não defendeu a seleção de seu país em um mundial por causa de contusão. Se tornar técnico, ganhar títulos e chegar ao lugar mais alto. Primeiro a metodologia, os métodos de trabalho, a afirmação e as conquistas. Depois o reconhecimento pelo trabalho executado. Quando isso acontece há um credenciamento natural que o encaminha para outro patamar. As conquista continuam de maneira linear. A partir daí, só resta um degrau a subir e este degrau é verde, amarelo, azul e branco, ou seja, a Seleção Brasileira. O cargo de técnico da seleção nacional está em aberto, o sonho está próximo de ser concretizado, o convite da CBF é feito. E quando tudo se direciona para a mudança de paradigma, surge Roberto Horcades e se coloca como um ser de outro planeta e simplesmente diz: “Não vou libera-lo, você terá de cumpir o contrato”. Esta frase foi uma das maiores ignorâncias futebolisticas que ouvi, mais não presenciei.
Em entrevista ao programa "Esporte Fantástico", da TV Record, que vai ao ar neste sábado, o técnico Muricy Ramalho revela como se sentiu após a recusa do Fluminense em liberá-lo para a Seleção.
- Eu fiquei muito triste, e, na verdade, eu estou muito triste ainda. Quem é que não quer ser lembrado? Ser lembrado já é uma grande coisa, imagina ter convite? Imagina o que eu passei então - desabafou.
O treinador ainda contou como foi sua noite após a recusa de assumir o cargo de treinador da Seleção Brasileira.
- Fiquei quase a noite toda sem dormir. Amanheceu o dia e eu fiquei sem dormir - contou.
Após o desabafo na entrevista, Muricy ainda afirmou que se sente mais aliviado em ter contado tudo o que sentia e reafirmou que agiu corretamente.
- Hoje eu saio daqui (entrevista) um pouquinho melhor. Eu precisava também falar um pouco, precisava desabafar. Eu fiz o que eu achava correto - completou.
A atitude do técnico do Fluminense merece aplausos, poucos no futebol profissional assumem o que dizem. Poucos têm caráter. Muricy está mudando o futebol. Suas atitudes devem ser enaltecidas, aplaudidas. Quando era técnico do São Paulo cansei de ouvir em suas entrevistas que não tinha contrato assinado com o clube. Se não estivesse feliz no São Paulo tinha o caminho livre a seguir, o mesmo serviria para entidade. O que posso acrescentar. Por que contrato com o Fluminense? Será que seria necessário? E neste momento tão importante em sua carreira, onde assumiria o cargo de técnico da Seleção Brasileira, bastaria dizer ao presidente do Fluminense: “obrigado pela oportunidade, saio para o meu maior desafio e deixo sua equipe em primeiro lugar no campeonato Brasileiro”. O jogo que fez do Fluminense líder do campeonato Brasileiro foi à vitória sobre o Cruzeiro por 1X0 no Maracanã.
Só espero que os Deuses do futebol não voltem a punir Muricy Ramalho. Já foi punido em 1978 quando não disputou a Copa do Mundo. Que o tempo se encarregue de dar-lhe paciência, perseverança, que continue conquistando, evoluindo se preparando e que no futebol continue aparecendo novos Muricys.

Abraços.


Referências:
http://www.lancenet.com.br/
http://www.wikipedia/ - a enciclopédia livre.



quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Melhor técnico do Desporto Coletivo

Falar ou comentar sobre um fora de série não é fácil. Mais vou tentar ser sensato. Bernardinho é “unanimidade”, em minha opinião o melhor técnico do Desporto Coletivo em nível nacional e internacional, ninguém ganhou tanto qanto ele. Em minhas pesquisas (pode ter algum erro), as seleções femininas e masculinas por ele dirigidas subiram ao lugar mais alto do podio em torno de 21 vezes. Estou me referindo a seleção, as conquistas com equipes Brasileiras não está nesse referencial. Atualmente Bernardinho dirige a equipe do Unilever com sede no Rio de Janeiro.

Bernardinho erguendo o troféu conquistado na Argentina referente a Liga Mundial 2010.

São campeonatos sul americanos, Torneios em Gran Prix, Liga Mundial, Panamericano, Mundial, Mundialito e Olimpiada. Pelo grau de importância e em conquistas deve ficar atrás apenas de Phil Jackson que se tornou o técnico com maior número de conquistas da história da liga NBA com 11 títulos, sendo 6 com o Chicago Bulls e 5 com o Los Angeles Lakers, após sagrar-se bicampeão nas temporadas 2009 e 2010. Phil Jackson se tornou o homem dos 11 aneis. O basquete da NBA merece um destaque especial, são os mellhores os verdadeiros fora de séries. A cada temporada uma verdadeira Copa do Mundo. Poderia até deixar de citar o basquete norte americano, mais como não falar de uma lenda chamado Phil Jackson.
O vôlei está entre os desportos coletivos assim como o futebol, basquete, beisebol, handebol, rúgbi e outros. Desde que assumiu a condição de técnico da seleção masculina adulta, é a seleção a ser superada, tanto na América do Sul, como na Liga Mundial, Olimpíada ou no campeonato Mundial.


Bernardinho sendo jogado ao alto pelos atletas da seleção de vôlei. Justo reconhecimento.
Bernardinho tem alguns traços que o caracteriza, a busca incessante pela perfeição. Não deixa que os seus comandados relaxem. Como participa de competições em alto nível, a cobrança que faz tende a ser relativa ao que pretende conquistar. Já ganhou a Liga Mundial por oito vezes, é bicampeão Mundial de seleções (2002 e 2006), e partir do dia 25 de setembro de 2010 na Itália estará em busca do tricampeonato Mundial. É incansável quando o assunto é “vencer”, para que fica claro: a Seleção Brasileira de Vôlei Masculina irá se apresentar no dia 01/08 (domingo) para iniciar sua preparação para o campeonato Mundial.
Poderia se apresentar na segunda, terça ou quarta, mais porque será que o fez no domingo? Talvez para saber o grau de comprometimento dos atletas com a equipe. O que os atletas buscam no individual e no coletivo? A determinação deve ir ao encontro com sua linha de pensamento, já que enfatiza o trabalho em equipe.
Observe o que falou após conquistar o nono título da Liga Mundial. “Temos o que melhorar e vamos treinar para isso. O Mundial será uma competição ainda mais difícil. Temos um grupo que conta com a experiência de jogadores que estão acostumados a ganhar. Mas isso não basta, temos que diminuir os erros e nos preparar para atuações melhores, pois a cada nova vitória aumenta a cobrança”, finalizou Bernardinho.


“É importante ter metas, mais também é fundamental planejar cuidadosamente cada passo para atingi-las”, Bernardinho.
O êxito nas quadras fez do técnico um conferencista requisitado. Inspirado pela "Pirâmide do Sucesso", criação do treinador John Wooden, mito do basquete universitário estadunidense e que usa a figura geométrica para ensinar o passo-a-passo do sucesso, Bernardinho desenvolveu a "Roda da Excelência". Nela, dispõe valores como trabalho em equipe, liderança, motivação, perseverança e outros conceitos comuns a manuais de recursos humanos.


“A vida nem sempre é feita de sucessos. O nosso compromisso não é ganhar, é continuar fazendo”, filosofou Bernardinho durante palestra.

Bernardo Rocha de Rezende, conhecido como Bernardinho, nasceu no Rio de Janeiro, em 25 de agosto de 1959, é um ex-atleta de voleibol brasileiro e, desde 2001, é o técnico da seleção brasileira de voleibol masculino.
Bernardinho jogou voleibol de 1979 até 1986, defendendo times do Rio de Janeiro. Em 1988 parou de jogar e começou a carreira de treinador como assistente técnico de Bebeto de Freitas, nas Olimpíadas de Seul. Dois anos depois, treinou a equipe feminina do Peruggia, na Itália, onde ficou até 1992. No ano seguinte, dirigiu a equipe masculina do Modena. Em seguida, Bernardinho retornou ao Brasil e, em 1994, assumiu o comando da seleção feminina brasileira adulta, até 2000. Em 2001 Bernardinho assumiu a seleção masculina adulta e a partir daí a história todos conhecem.
O vôlei Foi criado em 1895, pelo professor William G. Morgan, em Massachusetts (Estados Unidos). Surgiu como uma opção para as pessoas que não gostavam do contato físico intenso e do grande esforço exigido pelo basquete. Acabou ampliando a prática esportiva para pessoas mais velhas.
No Brasil, o vôlei é praticado desde 1916, quando foi realizado o primeiro jogo na Associação Cristã de Moços, em São Paulo. Tornou-se um esporte muito popular no país a partir da década de 80.
Da sua prática, surgiram modalidades como o futevôlei e o vôlei de praia (jogado, principalmente, em duplas).
Abraços.


O São Paulo foi atropelado.

A equipe gaucha do Internacional de Porto Alegre simplesmente passou por cima do time do São Paulo. O volume de jogo apresentado pela equipe inibiu a vontade de não perder do time paulista. O Placar não representou a verdade do jogo. O Internacional de Porto Alegre merecia ter vencido por um placar mais elástico. A equipe gaucha treinava físico técnico com posse de bola, toques precisos, ultrapassagens e finalização. Enquanto o São Paulo fazia treino descontextualizado (sem bola). O São Paulo jogou em uma faixa de zona baixa (campo de defesa) conseguiu resistir e perder de pouco. O ritmo da equipe gaucha e o que toda equipe de futebol gostaria de ter, volume e intensidade. Não foi o São Paulo que recuou, foi o Inter que não permitiu a equipe paulista atacar. O time paulista jogou em seu campo de defesa, fazendo com que Fernandão o atacante mais adiantado do São Paulo mudasse de função no transcorrer da partida. Tornou-se um volante ou um zagueiro, a única função que não conseguiu exercer no jogo, foi atacar. No intervalo do jogo, do primeiro para o segundo tempo, o atleta Hernanes disse a seguinte frase. “O time deles vai cansar no segundo tempo e nós vamos aproveitar e melhorar nosso jogo”. A colocação de Hernanes foi infeliz, o que se viu em campo foi à mesma determinação do primeiro tempo e o Inter manteve o padrão técnico, tático, físico, psicológico e venceu o jogo.

Giuliano comemorando o gol contra o São Paulo.
.Após a partida em entrevista a TV Globo Rogério Ceni visivelmente irritado falou: “Não tivemos chance alguma, não chutamos uma bola em gol”. Há de se ressaltar a postura dos atletas do Inter, concentrados no jogo. Foi um futebol de encantar.

Santos, massacre em alto nível.

A equipe do Santos poderia ter comemorado o título de campeão da Copa do Brasil ontem à noite na Vila Belmiro. As oportunidades que criou e não transformou em gol, mostrou a superioridade da equipe praiana. Isso sem contar o pênalti desperdiçado por Neymar. O resultado de dois a zero no jogo de ida vai obrigar a equipe do Vitória a mudar sua postura com relação ao segundo jogo. Se o Santos tiver espaço para contra atacar pode ser fatal.

Marquinhos fez o segundo gol do Santos em uma bela cobrança de falta.

Desde o começo do jogo a equipe do Santos colocou em prática sua artilharia pesada, ou seja, ataque. Atacava pelas laterais, pelo meio, e o mais importante, não permitia que a equipe baiana contra atacasse. A equipe do Santos além de jogar com volume e intensidade, tem seis atletas que jogam em qualquer equipe do futebol mundial. Dribles, toques precisos, finalizações e uma gama de recursos cognitivos que vai fazendo a equipe da Vila Belmiro resgatar a essência do futebol arte, a técnica.

Dorival foi xingado quando substituiu Ganso por Marquinhos. O técnico estava certo, Marquinhos resolveu.

A equipe do Santos joga como jogava seu técnico. Dorival Junior era um volante elegante, com qualidade para dominar e passar a bola. Não era de pegada, pelo contrário, primava por saber jogar e isso foi transportado quando se tornou técnico. Quem não teve a oportunidade de ver Junior jogar, é só observar sua equipe em campo.
É isso aí, abraços.


Águia se reabilita e vence a Francana pela Copa Paulista
O São Carlos Futebol Clube se reabilitou nesta quarta-feira (28) na Copa Paulista ao vencer por 3 a 0 a Francana no estádio municipal Professor Luis Augusto de Oliveira (Luisão). A partida foi válida pela terceira rodada da competição.
A vitória do time dirigido pelo técnico Edmilson de Jesus começou a ser construída aos 11 minutos, em uma falta perfeita cobrada pelo meia Rick.
O segundo gol foi marcado por Luciano aos 24 minutos após lançamento feito pelo goleiro Buzetto. A zaga da Francana falhou e o atacante são-carlense deu um toque na saída do goleiro.
No segundo tempo a Francana bem que tentou diminuir o placar, mas nada deu certo, além de perder dois atletas expulsos a equipe sofreu o terceiro gol, marcado pelo atacante Peterson aos 30 minutos.
A vitória, além de manter o tabu contra a Francana (são 4 vitórias e 3 empates nos 7 jogos realizados até agora), levou o São Carlos a seis pontos e manteve a equipe na zona de classificação para a segunda fase.

O atacante Luciano fazendo o segundo gol da Sãocarlense contra a Francana.

O lado negativo da partida foi o público, menos de 100 torcedores compareceram no Luisão para assistir a vitória da Águia.
Abraços.

FICHA TÉCNICA

São Carlos 3 x 0 Francana
Local: Estádio Luiz Augusto de Oliveira (Luisão), em São Carlos-SP
Árbitro: Camilo Morais Zarpelão
Auxiliares: Sérvio Antonio Bucioli e Marcelo Luis da Silva
Público: 82 pagantes
Renda: R$ 566,00
Cartão Amarelo: Rinaldi (Francana)
Cartão Vermelho: Willians Nascy e Henrique (Francana)
Gols: Rick aos 11’/1T, Luciano aos 25’/1T e Peterson aos 30’/2T (São Carlos)


São CarlosBuzetto; Babi, Anderson Carvalho e Tiago Viana; Lucas Pirulito, Reinaldo, Murilo (Peterson), Rick e Índio; William (Tiago Biriça) e Luciano (Artur Neto).
Técnico: Edmilson de Jesus

FrancanaGuilherme; Duane, Rodrigo, Léo Olinda e Rinaldi; Régis, Thiago Silva, Diego Bife (Henrique) e Hilton Mineiro (Serjão); Gabriel e Williams Nascy.
Técnico: Gilmar Batista.


Referências:
http://www.cbv.com.br/

www.lancenet.com.br
 http://www.saocarlosdiaenoite.com.br/
www.wikipedia.org

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Treinamento em Futebol Parte II

O futebol é um jogo complexo onde as demandas fisiológicas variam durante a partida. Ocorrem mudanças metabólicas e iônicas. As demandas fisiológicas podem ser de alta intensidade que elevam a fadiga momentaneamente interferindo na capacidade de potência (força, velocidade e resistência), na técnica do atleta (domínio e passe) e na função tática (posicionamento) exercida pelo atleta durante a partida. E intensidade submáxima onde não ocorre interferência sobre as capacidades físicas, técnica e tática do jogo.
O padrão de exercícios pode ser descrito como intervalado e acíclico, com esforços máximos (saltos, acelerações, chutes a gol, mudanças de direção) sobre uma base de exercícios de baixa intensidade (trotar, caminhar ou ficar parado) para recuperação das ações de potência. Isto distingue o futebol de outros desportos que mantém o movimento cíclico durante todo evento.
O futebol de maneira mais simples pode ser caracterizado pelas fases ofensiva e defensiva do jogo. A equipe que tem a posse de bola ataca, e tenta manter a posse de bola no campo adversário e concretizar o ataque em gol. A equipe que se defende, busca retomar a posse de bola fazendo bloqueios, marcando por setor, com ou sem intensidade para retomar o controle do jogo.
Dentro das perspectivas do jogo existe a questão de volume e intensidade. O volume se caracteriza quando a equipe mantém a posse de bola, rodando e circulando a bola de um lado para o outro, mantendo os atletas agrupados e esperando o melhor momento para dar um passe preciso ou finalizar a gol. Isto acontece sempre da parte defensiva para parte ofensiva. A intensidade se caracteriza quando a equipe está se defendendo, consegue recuperar a posse de bola e adianta sua equipe sempre em velocidade, seja pela lateral ou pelo meio. A equipe que joga com intensidade utilizar marcação alta (marcar no campo do adversário) ou marcação baixa (marcar em seu próprio campo), impedindo que a equipe adversária tenha volume de jogo.
A estrutura da organização do jogo deve conter toda sua complexidade independente de qualquer sistema organizado. O jogo de futebol não apresenta regularidades ofensivas nem defensivas. A percepção do aumento de problemas nas ações individuais e coletivas leva a busca de alternativas que possam desequilibrar a equipe adversária.
No programa Sportvnews do canal Sportv, foi divulgado um recente estudo feito sobre a quantificação do atleta de futebol no transcorrer de uma partida.
A kilometragem percorrida é de 10,8 km assim distribuídos:

• A forma de esforço durante a partida é intervalada;
• Mudança de atividade: 1.100 vezes;
• O atleta fica parado durante 9 minutos;
• O atleta anda por 3,178 km;
• Corre a 8 km/h em forma de trote;
• Corre em alta velocidade a 21km/h, percorrendo 626 mts;
• Corre em altíssima velocidade a 30km/h, percorrendo 356 mts;
• A frequência cardíaca durante a partida varia de 160 a 190 bpm;
• A ventilação pulmonar eleva-se a 40 vezes o estado de repouso;
• Gasto energético gira em torno de 1100 kilo calorias;
• Perde de 2 a 4 kg por partida;
• Preparação muscular especial;
• As lesões esportivas ocorrem a cada 1000 horas de prática. No futebol ocorrem 16,9 lesões a cada 1000 horas de prática;
• O gasto energético ocorre devido às mudanças de intensidade e suas variações;

A FIFA no seu site divulgou a estatística elaborada durante a Copa da África 2010 entre seleções de maneira coletiva e individual. O equipamento utilizado calcula além da distância total percorrida fraciona o desempenho do atleta no momento da partida. Como exemplo o Xavi que foi o atleta que cobriu a maior metragem na copa.
1. Distância percorrida em Km: 11,45 km;
2. Distância percorrida com bola em Km: 5,515;
3. Distância percorrida sem bola em Km: 3,595;
4. Velocidade máxima em Km/h: 7,242;
5. Tempo de baixa intensidade em minutos: 44,71;
6. Tempo de média intensidade em minutos: 7,57;
7. Tempo de alta intensidade em minutos: 8,14

Alguns detalhes que chamam atenção para o resultado deste estudo é à distância percorrida pelo atleta com bola, superior à distância percorrida sem a posse de bola. A soma da corrida em intensidade baixa é quase três vezes maior que a soma da corrida em média e alta intensidade. Um dos detalhes que faz do futebol ser um esporte diferenciado é que Xavi correu 1258 (mil, duzentos e cinqüenta e oito metros) a cada 9’10” (nove minutos e dez segundos), o que torna o futebol internacional dependente da capacidade aeróbia.

Desafio para as comissões técnicas
1. Como desenvolver a função cardiovascular;
2. Como desenvolver a função pulmonar;
3. Como desenvolver a musculatura esquelética;
4. E como trabalhar o cérebro para suportar a carga psicológica.

Aspectos básicos do exercício
O treinador como figura central da condução de um processo de treino organizado e estruturado, de modo a conseguir intervir eficazmente na criação e estruturação de exercícios terá que dominar um conjunto de aspectos decisivos, dos quais destacamos: o objetivo, o conteúdo, a estrutura e o nível de desempenho.
Objetivo - Para que este possa ser definido de forma racional devemos, em primeiro lugar, considerar e diagnosticar o nível de atletas que dispomos através do seu desempenho nos exercícios ou através de diagnóstico. Só após cumprir estes requisitos estará efetivamente apto a definir objetivos realistas e adequados, e promover a melhoria do seu rendimento. Dada a vertente multifuncional do exercício, convém referir que exercícios semelhantes podem ter objetivos diferentes, sendo da responsabilidade do treinador a hierarquia dos mesmos. Os objetivos deverão, impreterivelmente, relacionar-se com os princípios de jogo.
Conteúdo - Os conteúdos dizem respeito aos fatores de rendimento (técnicos, tácticos, físicos e psicológicos) desenvolvidos, quer pelos jogadores (individual), quer pela equipe (coletiva), em situações de jogo ou exercícios (Ferreira 2001).
Estrutura do exercício – Modificado de Queiroz (1986). Estrutura diz respeito à relação dialética que se estabelece entre a atividade desenvolvida pelos jogadores e equipe (conteúdos) e os fatores fundamentais do contexto onde evolui (o jogo). Assim podemos constatar que existem situações criadas durante o jogo que as torna fundamental, exemplo: marcação por setor, marcação individual, intensidade e volume do jogo, estratégia estabelecida e alterada e outros.
Nível de desempenho - Diz respeito ao resultado obtido pelos atletas após a realização da atividade proposta. Estas informações confrontadas com os objetivos previamente definidos resultam num conjunto de conclusões acerca do sucesso ou insucesso da atividade.
Como complementos destes aspectos podem referir mais alguns que o treinador deverá dominar, dos quais destacamos:
1. A racionalização - De acordo com Teodorescu (1987) cit. por Ferreira (2001), numa primeira análise a racionalização procura a redução do número de exercícios de treino e, o aumento do número de repetições do mesmo, tendo como objetivo de base a otimização do treino e implicitamente o rendimento dos praticantes e das equipes.
2. O modelo - Segundo Castelo (2000), "é um processo através do qual se procura correlacionar o exercício de treino com as exigências específicas da competição, com base nos índices mensuráveis das componentes de rendimento. Segundo este raciocínio, quanto maior for o grau de correspondência entre os modelos utilizados (exercícios de treino) e a competição de uma dada modalidade, melhores e mais eficazes serão os seus efeitos".
Os componentes estruturais do treino devem ser considerados no plano fisiológico e no plano técnico e tático.

1. Planos fisiológicos: duração, volume, intensidade, frequência e densidade;
2. Plano técnico e tático: espaço utilizado, formas de jogar e numero de atletas utilizados.

Classificação dos exercícios

O fator de treino predominante no conteúdo do exercício

• Exercícios técnicos (passe, domínio, cabeceio e lançamento);

• Exercícios táticos (distribuição dos atletas em campo);

• Exercícios físicos (físico técnico, físico tático, treino físico geral).

Em função do grau de identidade do exercício

• Exercícios de competição (treino coletivo);

• Exercícios especiais (treino em campo curto);

• Exercícios Gerais (força, resistência e potência).

Abraços.

domingo, 25 de julho de 2010

Ferrari, Massa e Alonso. E a armação continua.

A Ferrari manda, Felipe Massa obedece e Fernando Alonso vence. Isto está se tornando uma rotina na carreira de Fernando Alonso. Em uma recente armação de Flávio Briatore no GP de Cingapura na China-2008, forjou o acidente, e teve como protagonista do acidente o também piloto Nelsinho Piquet. Fernando Alonso venceu o GP.  Piquet foi punido, puniram também Flávio Briatore e Fernando Alonso saiu ileso. 
Após uma bela largada, quando superou Fernando Alonso e Sebastian Vettel para assumir a liderança do GP da Alemanha, Felipe Massa se mantinha em primeiro lugar e segurava as invetidas do companheiro de equipe. E o espanhol, se irritou – “Isto é ridículo!” – com a resistência do brasileiro. A bravura, no entanto, caiu por terra na 49ª volta, a 18 do fim, quando a Ferrari decidiu dar a vitória a Alonso. Rob Smedley, engenheiro de Massa, disse pausadamente, dando ênfase a cada palavra:

- Fernando está mais rápido que você. Pode confirmar que entendeu esta mensagem?
Para completar o constrangimento, Massa ainda ouviu no rádio outra mensagem do engenheiro, se desculpando pelo "incômodo":

- Boa decisão. Temos de ficar assim agora. Desculpe.



Em seguida, na entrevista coletiva, Felipe seguiu a cartilha e até elogiou o trabalho da Ferrari, mas foi irônico ao ser perguntado sobre a manobra polêmica.
Fernando Alonso está se tornando um belo Dick vigarista.  Se Felipe Massa não tomar  "atitude", vai virar um boneco para os dirigentes da Ferrari, e de Alonso. É inadimissível um piloto com a técnica e habilidade de Felipe Massa se prestar a um papel ridíclo como esse. Massa tem culpa e muita culpa nesse episódio. Alonso tentou fazer o mesmo com Lewis Hamilson na McLaren, só que encontrou reação do piloto e o mesmo se tornou campeão da Fórmula 1. Massa precisa tomar atitude para moralizar o esporte.  Pode perder muitos fãs. A sua omissão no fato merece repúdio.

- Não preciso dizer nada sobre isso.

É isso.
Abraços

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Treinamento em Futebol Parte I.

Treinamento é definido pelo Dicionário de Educação Física e Esporte como a repetição sistemática de tensões musculares dirigidas, com fenômenos de adaptação funcional e morfológica, visando à melhora do rendimento. É todo programa pedagógico de exercícios que objetiva melhorar as habilidades e aumentar as capacidades energéticas de um indivíduo para uma determinada atividade, ou seja, uma adaptação do organismo aos esforços físicos e psíquicos. As adaptações que ocorrem são específicas do sistema solicitado.
Carvalhal (2004) difere duas concepções de treino no futebol: “há dois tipos de treino com bola; o integrado e o sistêmico. No primeiro a bola esta presente, mas de forma subordinada ao Modelo de Jogo. Nós preconizamos o outro gênero, em que a bola esta presente desde o primeiro, segundo dia de trabalho com o intuito de modelar os jogadores, coletiva e individualmente, a nossa forma de jogar. E mesmo quando ele não está presente o nosso objetivo é sempre a nossa forma de jogar. Deste modo é difícil definir qual ou quais as variáveis mais importantes a estudar a fim de se conhecer o sucesso ou insucesso de uma equipe
No Brasil existe uma concepção do treino que está bem definida, que é treinar de forma analítica, potencializando o desempenho de cada atleta independente da função que exerce dentro da equipe. A interpretação do treino é singular e esta de acordo não só com o conhecimento do treinamento do futebol, mais tem muito a ver com sua personalidade. Essas diferenças podem assumir capital importância para a reflexão e estudo, desde que questionadas e esclarecidas.
A lógica interna do treino e jogo é o produto da interação contínua entre os princípios do regulamento e a evolução das soluções práticas encontradas pelos jogadores, decorrentes das suas habilidades táticas, técnicas e físicas (Deleplace, 1979). Para Teodorescu (1983), a relação da lógica didática com a lógica interna do jogo é uma das tarefas mais importantes e mais complexas que se colocam ao nível dos JDC. A análise do jogo se deve processar a partir da estreita relação entre o conteúdo do jogo e a estrutura da atividade, expressos no desempenho individual e coletivo.
O professor Walmir Cruz quando exercia o cargo de preparador físico no Corinthians, foi entrevistado pelo site universidade do futebol no dia 10/07/2009, e respondeu várias perguntas para o site e uma delas me chamou a atenção, que será aqui reproduzida na integra.
Universidade do Futebol – O Daniel Portella, fisiologista do clube, comentou sobre o bom trânsito entre os departamentos e a comissão técnica. Ele disse que o Mano Menezes, invariavelmente, os consulta para determinar um tipo de treino, o planejamento da semana, ou mesmo uma escalação. Como funciona isso?
Walmir Cruz – O Mano já foi preparador físico. Então, ele tem um embasamento em termos de treinamento e sempre possibilita uma abertura muito boa para a gente.
Conseguimos introduzir nossos treinamentos tendo a referência dele, encaixando a periodização de nossos trabalhos. Logo no início da semana, passamos os tipos de atividades que serão aplicadas e discutimos carga de intensidade e volume, aliados à prática tática e técnica dele.
As coisas fluem dessa forma. Com os resultados aparecendo, melhor ainda. E com o time sendo campeão, então, uma maravilha!
O Mano diz uma frase interessante: “não vou falar de preparação física, porque do seu cargo é você quem tem que saber. Assim como em relação à parte tática, sou eu quem faz”. Não costumamos misturar as situações, e o projeto vem sendo bem realizado.
São linhas de pensamento complexas em comissões técnicas diferentes trabalhando em times considerados de ponta no Brasil. Observem o caso da Comissão técnica comandada por Jorge Fossati e Alejandro Valenzuela do Internacional de Porto Alegre no primeiro semestre ano de 2010.
O trabalho era direcionado para o físico técnico, ou físico tático onde englobava as capacidades. A seguir trechos da entrevista de Valenzuela ao jornal Zero Hora de Porto Alegre no dia 04/05/2010.
Preparador físico desabafa e reclama dos brasileiros do Inter.
Alejandro Valenzuela diz que os jogadores não entendem o que ele fala:
“Não consegui fazer com que os jogadores acreditassem no meu trabalho", lamenta Valenzuela.
É o próprio Alejandro Valenzuela, o preparador físico do Inter, quem admite: o time tem caído de rendimento no segundo tempo. Aos 45 anos, o profissional, que acompanha Jorge Fossati há quase duas décadas, revela seu desapontamento com a resistência dos jogadores em aceitar e entender o trabalho implantado no Beira-Rio. Valenzuela se queixa de que muitos deles não levam a sério a sua forma de aplicar a atividade diária.
Em entrevista concedida a ZH durante 30 minutos no gramado suplementar do Beira Rio um dia após a perda do título gaúcho ao jornalista Leandro Behs, o uruguaio falou em tom de desabafo. “Não esperava encontrar tamanha dificuldade por parte dos brasileiros do grupo. A língua poderia ser entrave. Mas até no Catar não houve tamanho obstáculo”.
- Eu falo e, quando olho para eles, sinto que não entenderam 50% ou 60% do que disse — lamenta. Nem todos encararam o trabalho com a entrega que Valenzuela queria. Suspeita que os brasileiros, por serem naturalmente talentosos, não se dediquem tanto aos treinos. Como o seu trabalho e o de Fossati são integrados, os treinos físicos são realizados com bola. Como na escola europeia, valoriza espaços reduzidos — e isso não estaria sendo bem aceito pelo grupo. “Acho que ainda não entenderam que eu e Fossati trabalhamos a tática e o físico juntos”. A seguir a pergunta do jornalista na integra.
ZHMas isso não pode ser exigido dos jogadores? Uma dedicação maior?
Valenzuela — (suspiros) Estou chateado. Não consegui fazer com que os jogadores acreditassem no meu trabalho. Comprassem a ideia. Só sei que a parte psíquica, com a qual eu sempre trabalhei, a parte motivacional, não foi entendida até agora. Trabalhei em diversos países, e até no Catar. Eles falam árabe. Lá, treinava com um tradutor ao meu lado. Eu era totalmente compreendido. No Catar, me entende?
A assessoria de imprensa do Internacional se pronunciou a respeito da reportagem, mais já estava feita. Tentaram mudar o que o profissional havia dito na entrevista, que tinha sido apenas um bate papo, mais depois da derrota para o Vasco em São Januário pelo placar de 3X2 a comissão técnica de Jorge Fossati foi demitida.
Élio Carravetta, coordenador de preparação física do Internacional em recente entrevista ao site universidade do futebol quando perguntado sobre a passagem de Fossati e sua comissão, respondeu da seguinte forma:
Universidade do Futebol – Para esta temporada, o Internacional contratou o treinador uruguaio Jorge Fossati, que teve ótima passagem pela LDU, do Equador. Ao lado dele, o compatriota Alejandro Valenzuela assumiu a preparação física do time principal. Como foi essa experiência com ambos antes do retorno do Celso Roth?
Élio Carravetta – Eu tenho um conceito de treinamento esportivo e o coloco desta forma: é um processo continuado de ensino-aprendizagem e tem como finalidade modificar alguns comportamentos integrados. Temos componentes técnicos, táticos, físicos, psicológicos, sociais, relacionais, afetivos, cognitivos. E há um muito importante, que é o cultural.
No momento em que qualquer profissional entra em uma nova cultura, ele tem de se adaptar à mesma. É mais fácil ele efetuar esse processo, do que todos os outros já inseridos se moldarem de maneira inversa.
Esses intercâmbios existem dentro de um processo de globalização, mas há uma cultura definida no próprio clube. E o professor Fossati, por mais que tenha explicitado suas qualidades, que são muitas, encarou dificuldades nessa questão.
O futebol não é só dentro de campo, e há necessidade de uma adaptação à cultura, à metodologia de treinamento própria do Brasil. O processo de aprendizagem é gradativo, e requer tempo. Infelizmente não houve êxito no Inter.
O mesmo vale para o Valenzuela, que apresentou uma proposta de treinamento diferente. Não estou julgando se é boa ou má, nem que não tenha tido aceitação do grupo de jogadores, mas ela encontrou dificuldades de ser inserida. Prefiro não comentar muito sobre esse tema.
Com está resposta, Carravetta resumiu a linha de pensamento do professor Valenzuela em sua entrevista ao jornal ZH de Porto Alegre.
No futebol existe a necessidade de interpretar os dados recolhidos em função das características específicas do país, dos atletas e da metodologia, o que tem levado os investigadores a focalizarem cada vez mais a sua atenção na relevância contextual dos comportamentos dos atletas, o que justifica o estudo do jogo como um todo. As equipes devem se caracterizar por sua identidade, por uma concepção do técnico do que seja treinar e jogar em termo coletivo e individual.
A esse respeito Luís Freitas Lobo no prefácio do livro A justificação da periodização táctica como uma fenomenotécnica diz: “Gosto de conceber as equipes como seres vivos. Com um processo de nascimento e crescimento muito próprios, específicos, cada qual com a sua personalidade. Nascem, vivem e morrem. E assim sucessivamente. Cada qual com a sua impressão digital. Futeboliísticamente humana. É a construção dessa personalidade, do seu código genético, que me fascina. Dar a onze jogadores o mesmo DNA. No embalar desse berço um homem. O treinador. Treinar é, no fundo, dar personalidade a um coletivo. Até ele ser singular”.
Abraços.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Seleção Brasileira Feminina Sub-20.

Começou o campeonato mundial feminino sub-20 disputado em Bielefeld na Alemanha, o primeiro jogo da seleção Brasileira foi contra a Coréia do Norte. Com um gol de Ho Un-Byol a seleção Brasileira foi derrotada pelo placar de 1X0. Não podemos esquecer que a Coréia do Norte foi campeã do torneio em 2006.
Desde o começo do jogo a seleção Coreana se impôs e marcava a saída de bola das brasileiras obrigando sempre a goleira Aline (destaque do Brasil), ou as zagueiras a fazerem lançamentos para as atacantes. A forte marcação da seleção Coreana fez as Brasileiras mudar a maneira de jogar. Ao invés do toque de bola tradicional e envolvente, o que se viu foi uma seleção marcando as Norte Coreanas.



Na verdade o jogo não foi um primor técnico. Apesar do domínio territorial e da posse de bola, a seleção Coreana não conseguia o domínio técnico do jogo. Exerceu um comportamento agressivo na marcação, com o objetivo de não permitir a seleção Brasileira jogar. O jogo se baseou em marcação, lançamentos e cruzamentos, bem diferente do que se espera de seleções que disputam um campeonato mundial.
As atletas brasileiras tiveram muitas dificuldades durante o transcorrer da partida. Os setores não se compactavam quando estavam com posse de bola. Se não há um desenvolvimento técnico, não acontecem jogadas de triangulação e de penetração. Quando tinha uma falta a seu favor, ao invés de sair com toque de bola e agrupar a equipe, preferia lançamentos para Alanna ou bolas alçada na área. Algumas atletas mostraram insegurança ao dominar e passar a bola. Se os fundamentos básicos do futebol não são exercidos com competência (técnica, habilidade e criatividade), compromete o desenvolvimento do jogo. A partir daí o jogo é apenas físico (força, resistência e potência). Vou continuar na torcida e esperar que a goleira Aline não se torne o destaque da próxima partida.
Abraços.

Domingo 18/07/10.
A Seleção Feminina Sub-20 precisa vencer e torcer.

A seleção Brasileira Feminina Sub-20 precisa vencer a Nova Zelândia na próxima terça-feira por um placar superior a 2 gols e torcer para que a Coréia do Norte vença a Nova Zelândia para passar de fase. A seleção canarinha vem enfrentando muitas dificuldades para vencer suas adversárias. Não vem jogando como equipe e vai necessitar da individualidade para conseguir vencer a Nova Zelândia. 
No jogo de sexta-feira teve mais posse de bola, mais não conseguiu traduzir em gols o volume de jogo apresentado. A equipe tem muita pressa em jogar o que dificulta manter um padrão de jogo. As triangulações e ultrapassagens não existem e a dinâmica do jogo nacional fica comprometido. As atletas não apresentam criatividade quando estão com a posse de bola. Apesar da pouca experiência internacional das meninas, o fato é que a seleção Brasileira precisaria ter tranquilidade quando tem a posse de bola. Apresenta deficiência técnica e isso vai de encontro a estrutura apresentada pelos clubes. A maioria dos clubes do futebol feminino não possuem categoria de formação. Quando uma menina se destaca com 13, 14 ou 15 anos, é direcioinada ao time principal. Com essa idade deveria estar em processo de formçaõ, de lapidação para se tornar uma profissional com qualidade. No futebol profissional masculino os clubes tem defiência em formar atletas, imagine o futebol feminino. A estrutura do futebol feminino brasileiro é precária. Isso é uma realidade deste futebol que caminha a conta gotas.
Abraços. 

terça-feira, 13 de julho de 2010

Técnica de Ensino

Assistindo a disputa do terceiro lugar na Copa da África entre Alemanha e Uruguai, no intervalo do jogo o comentarista Junior falou que, conversando com Casagrande, chegaram à seguinte conclusão: o destaque da seleção brasileira na Copa foi o zagueiro Lúcio. No ano de 2006, o goleiro Rogério Ceni foi condecorado com o troféu de ouro concedido para o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro, juntamente com o troféu de melhor jogador do campeonato, prêmios concedidos pela CBF em grande festa realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2007, voltou a receber o prêmio de Melhor Goleiro do Campeonato Brasileiro, além de Craque do Brasileirão e Craque da Torcida, todos concedidos pela CBF. Esses fatos são motivo de reflexão e preocupação para comissões técnicas, diretores de futebol, e coordenadores em geral de futebol. Alguma coisa está errada com o futebol brasileiro. A essência de qualquer modalidade esportiva é a “técnica”. O que se espera de qualquer atleta é que domine essa essência.
Rogério Ceni e Lucio merecem serem destaques em suas equipes, por tudo que realizam no gramado. São líderes, jogam com extremo profissionalismo, servem de exemplo para quem está iniciando no esporte. Esse tipo de indicação é para acender o farol vermelho.
Sempre fui ao estádio para ver o craque jogar, para presenciar belas jogadass criadas pelo principal ou pelas principais expressões técnicas da equipe. O mais importante objetivo para quem pratica esporte é que apresente dominio técnico. Quando a CBF elege um goleiro como o craque de um campeonato, e se constata que a maioria de suas ações é feita com as mãos enquanto que o futebol dos atletas de linha é jogado com os pés, a pergunta que se faz é: Quem está treinando esses atletas? Se quem comanda não consegue ensinar ou passar os princípios do treino técnico ao seu atleta, isso é um indicativo de que o seu conceito de desenvolvimento global de um atleta de futebol é bastante deficitário.
A palavra “técnica” tradicionalmente usada como sinônimo de movimento correto - permite expressões como “gesto não técnico” ou “movimento sem técnica”. A técnica é uma prática humana e o seu principio deve ser colocado como epicentro no esporte.
A verdadeira dimensão da técnica repousa na sua utilidade para servir a inteligência e a capacidade de decisão tática dos jogadores e das equipes. Um bom executante é, antes de mais, aquele que é capaz de selecionar as técnicas mais adequadas para responder às sucessivas configurações do jogo. Por isso, o ensino e o treino da técnica no Futebol, não devem restringir-se aos aspectos biomecânicos, mas atender, sobretudo às imposições da sua adaptação inteligente às situações de jogo" (Garganta, 2001).
Segundo Renato Ortiz (2007), tradição e modernidade não precisam ser pensadas como coisas opostas. Seguindo a linha de pensamento desse autor, o futebol apresentado pela seleção da Espanha na Copa da África vai ao encontro do pensamento de seu técnico Vicente Del Bosque. Ele manteve a tradição de seu país em jogar com toque refinado. Atletas capacitados para desenvolver futebol. No primeiro tempo do jogo entrou com um 4-4-2, sem perder a essência da técnica; no segundo, ousou, substituír Pedro - que não tinha posição fixa, na frente - para dar passagem a Sérgio Ramos, que aparecia sempre como atacante pelo lado direito do campo. Colocou Navas, aberto pelo lado direito; abriu Iniesta para o lado esquerdo e centralizou David Villa. A Espanha estava jogando no 4-3-3, e quando tudo parecia decidido em termos de substituição, colocou Fabregas no lugar de Xavi Alonso.
É interessante como ficou armada a seleção Espanhola, com apenas um volante de técnica apurada, Sergio Brusquét. A partir daí a Fúria comandou o jogo de maneira incisiva, sem alterar o que vinha fazendo desde a Eurocopa, paciência e toque de bola.
No jogo de futebol existe o confronto de várias técnicas, e nem sempre os onze jogadores que iniciam o jogo dominam esses fundamentos. Podem ser escalados por questões táticas, por serem rápido, ou por jogarem em posição onde a técnica não é tão exigida. O ideal seria que os onze atletas dominassem a técnica do esporte. O jogo de Futebol decorre da natureza do confronto entre dois sistemas complexos, as equipes, e ainda caracteriza-se pela sucessiva alternância de estados de ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e variedade. Algumas técnicas de futebol, a saber:


1. Técnica de passe: passe curto, médio ou longo. Passe com a parte de dentro do pé (chamado de chapa ou chapar a bola), peito do pé (utilizado para virar uma jogada ou fazer um lançamento), passe do lado de fora do pé (chamado de três dedos);
2) Técnica de chute: normalmente utilizado o peito do pé (bater falta, chutar em gol que pode ser com a bola rasteira e parada, rolando, meia altura como chutou Iniesta no gol da Espanha contra a Holanda);
3) Técnica de cabeceio: o cabeceio deve ser executado com o atleta estando de frente para a bola, a mesma deverá bater em sua testa, mais também pode-ser cabecear com a parte lateral da cabeça;
4) Técnica em dominar a bola: o domínio pode ser feito com a ponta do pé e o pé rente ao solo, com a parte de dentro do pé ou ainda com a parte de fora do pé. O domínio de bola também é feito no peito na lateral não na parte central, na coxa e o atleta que tem uma técnica apurada domina na cabeça, mais esse domínio depende da velocidade da bola.
O processo de ensino-aprendizagem é sério, organizado, normatizado, avaliado e validado, e visa, permanentemente, a busca da excelência, pois exige um planejamento pró-ativo, meticuloso e flexível, compatibilizando as diretrizes propostas e com as especificidades de cada modalidade.
O processo ensino aprendizagem pode ser resumido da seguinte forma. Convoquem Iniesta, Xavi, Busquét, Sneijder, Robben, Forlán, Lahm, Ganso, Neymar, Robinho, Muller, Schweinsteiger, Özil e Hernanes. Coloquem os integrantes em um gramado compatível com a prática esportiva; entreguem a bola, dividam sete jogadores para cada lado e assistam ao recital do futebol: a técnica.


Abraços.

Revisão técnica. Dra. Ana Maria Souza Lima Fargoni. Professora de Linguistica e Lingua Portuguesa. 

Referências:
1. Jocimar Daolio e Emerson Luís Velozo. A TÉCNICA ESPORTIVA COMO CONSTRUÇÃO CULTURAL: IMPLICAÇÕES PARA A PEDAGOGIA DO ESPORTE.
2. Julio Garganta. Futebol e ciência. Ciência e futebol

sábado, 10 de julho de 2010

Os Deuses do futebol agradecem. Espanha e Holanda fazem a final da Copa da África 2010.

Jogar futebol com técnica e habilidade sempre foi privilégio de poucos atletas. O atleta que consegue dominar, passar, lançar, driblar e ainda fazer gol, e no futebol contemporâneo marcar, pode ser considerado craque de bola. Imagine uma equipe com dois atletas com todos esses privilégios, mais uns quatro com técnica apurada, mais uns quatro que conseguem passar bem a bola, e um atleta quando exigido consegue impedir que o ataque adversário consiga fazer gol. Junte-se a tudo isso, uma equipe determinada, disciplinada e atuando com frieza. Imagine um jogo bonito, com uma única preocupação, encantar o torcedor. Se você leitor quer ver tudo isso, assista a final da Copa da África entre Espanha e Holanda.
Essa disposição em apresentar um belo futebol, buscar incessantemente a posse de bola é até compreensível, tudo isso para fugir do cotidiano que vem aterrorizando os gramados, o futebol de faltas, chutões, limitação técnica, medo de jogar. Esta limitação não sé só de atletas, mais de comissão técnica com conceito sobre futebol de resultado, talvez seja um dos motivos da regressão do bom futebol.
A dialética do futebol aponta para duas direções: o treino contextualizado onde a técnica, a tática, as capacidades física e psicológica caminham juntas em um plano do conhecimento ou segue outra direção com o treino das capacidades físicas separada da técnica e tática. Os sistemas são antagônicos e limitados por um ideal.
As duas seleções evoluíram nos últimos dois anos é com um futebol bonito iram fazer a final da Copa da África. Relembrando o leitor sobre a Eurocopa de 2008, nas quartas de final a seleção Russa eliminou a Holanda em um jogo maravilhoso vencendo por 3X1. A Alemanha eliminou a seleção Portuguesa por 3X2. A seleção Turca eliminou a Croácia nos pênaltis pelo placar de 3X1, o jogo no tempo normal terminou 1X1. A Seleção Espanhola eliminou a seleção Italiana também nos pênaltis pelo placar de 4X2, o jogo no tempo normal foi 0X0, com amplo dominio dos Espanhóis. Na semifinal a Alemanha eliminou a Turquia por 3X2 no tempo normal e a Espanha venceu a Rússia pelo placar de 3X0. A final foi entre Espanha e Alemanha. A seleção Espanhola tornou-se campeã vencendo a Alemanha no tempo normal por 1X0 gol de Fernando Torres. Mesmo placar na semifinal da copa da África com um gol de David Villa. O técnico da seleção Espanhola era Luis Aragonés e o da Alemanha permaneceu Joachim Löw.
A seleção Espanhola trocou o comando técnico, saiu Luis Aragonés e entrou Vicente Del Bosque, Marcos Senna lesionado e tendo atuado pouco no campeonato espanhol foi substituito por Sergio Busquets, Marchena esstá no banco cedeu lugar para Piquét que forma a dupla de zaga com Puyol no Barcelona. Fabregas foi substituido por Iniesta (craque de bola) e Silva que está no banco foi substituito por David Villa.
A seleção Holandesa trocou o comando técnico. Marco Van Basten foi substituido por Bert Van Marwijk. Van Bommel, Robben, Sneijder, Kuyt e Van Persie, permanecem jogando o mesmo futebol de excelência.
As duas seleções com a bola no pé têm o mesmo objetivo, jogar futebol, dar espetáculo, fazer com que os torcedores saiam do estádio em êxtase por terem presenciado técnica, habilidade e inteligência de jogo. Quando o artista é guiado pela visão do educador (técnico), sua atuação será sempre verdadeira. O atleta acredita que a arte de jogar seja inseparável do homem, afinal, a arte, a criatividade é uma criação particularmente humana e, como tal, o homem e a bola adquire o mesmo patamar. Ver Robben, Sneijder, Iniesta, Xavi, Villa é contemplar a beleza de uma obra de arte, e assim atribuída por critérios tais como proposição, simetria e ordenação, tudo em sua justa medida.


Abraços

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A mulher na história, na filosofia e no futebol.

O reconhecimento social da mulher como “atleta de futebol” foi e continua sendo um desafio para estas adolescentes e mulheres em transformar o sonho de menina em realidade. A família aparece como o primeiro obstáculo, o segundo é provar que profissional de futebol não é um direito exclusivo do homem. O terceiro obstáculo e talvez o mais contundente se refira à crença de que o físico feminino é naturalmente inapropriado para certas práticas esportivas. Esportes como futebol e boxe oferecem maiores restrições às mulheres. Por isso, no país do futebol, o futebol feminino é ainda alvo de desconfiança e de certo estranhamento. Por isso, freqüentemente as atletas são constrangidas com palavras inapropriadas. O campeonato paulista de futebol feminino, realizado em 2001, tinha a beleza como um de seus principais critérios para a aceitação de jogadoras. O projeto elaborado em conjunto pela Pelé Sports & Marketing preconizava a necessidade de “desenvolver ações que enalteçam a beleza e a sensualidade da jogadora para atrair o público masculino” e “desenvolver ações de consultoria de imagem, estilo pessoal e treinamento de mídia com as jogadoras” (Folha de São Paulo, 16/09/2001).
A iniciação no futebol é igual para meninas e meninos, jogo na rua em frente a casa, meninas contra meninos ou mesclado. As traves são feitas de sandália, tijolo ou pedra. E nesses jogos sem compromisso, o tradicional racha (nome dado aos jogos de rua), existe algumas regras. A formação dos times pode ser feita por ordem de chegada ou esperar para tirar par ou ímpar. O tempo total do jogo este pode variar, cinco minutos, dez minutos, cinco minutos ou um gol, dez minutos ou 2 gols. Se do lado de fora estiver apenas um time esperando o que vencer fica, se tiver mais times podem sair às duas equipes e as regras vão sendo moldadas de acordo com o numero de peladeiros.
O leitor pode perceber uma coisa, a história de trabalhar em campo reduzido não é uma criatividade contemporânea, desde moleque quando participava dos rachas os jogos eram nesse espaço adaptado. No final do século XX e começo do século XXI os técnicos de futebol começaram a priorizar este espaço para treinar chamando de campo curto, campo reduzido ou aproximação. Devem ter se lembrado do tempo de criança, pois além de trabalhar a habilidade, raciocínio, técnica o moleque que não fosse esperto no racha não era escolhido, ficava sempre para próxima. A habilidade da rua não é ensinada por professor ou orientador técnico, ela acontece de maneira aleatória.
Meninas e meninos começam a se desenvolverem em um conjunto particular de movimentos conhecido como coordenação motora, que é a capacidade de usar de forma mais eficiente os músculos esqueléticos (grandes músculos), E este tipo de coordenação permite a criança ou adulto dominar o corpo no espaço, controlando os movimentos mais rudes. Exemplo: andar, pular, rastejar, correr, jogar futebol e outros. Este tipo de coordenação é considerada pelos cientistas como coordenção motora grossa.
Vocês já ouviram aquela história de que o dono da bola é o dono do time. Provavelmente sim, não era necessário ser a fera do racha mais era o mais respeitado e a frase dele era sempre a mesma “eu escolho o time”, ou em ultimo caso, “se eu não jogar eu vou embora e levo a bola”. No racha a bola pode ser feita de meia (geralmente do pai, ou um meião e enche de papel para chutar). Pode ser uma bola de capotão, a maioria das bolas de capotão era furada ou não tinha a câmara, mais não importava, o objetivo era jogar.
Temos o costume de, vulgarmente, chamar de habilidades somente as ações motoras. Como se para pensar ou se relacionar socialmente não recorrêssemos igualmente a habilidades e capacidades. Por exemplo, a habilidade de saltar um obstáculo depende da força e velocidade. Saltar muitas vezes seguidas tem a ver, além de força, com a capacidade de resistência. Pensar é uma ação que pode levar a exaustão, dependendo da capacidade de resistência do indivíduo par pensar. Fintar um adversário no futebol ou no basquetebol requer agilidade, e assim por diante, (freire, 2003: pg, 20).
A prática do futebol de campo está arraigada aos grandes craques do futebol. Pelé, Didi, Zito, Pepe, Djalma Santos, Jairzinho, Rivelino, Tostão, Zico, Sócrates, Junior e outros. Desculpem-me se não enumerei mais craques, se fossem colocar o nome de todos os craques do futebol brasileiro, não caberia em nestas folhas ou palavras. Neste sentido, poderemos constatar uma reduzida valorização da mulher que pratica o futebol. Se formos buscar a história da construção do futebol, iremos nos remeter para 1964 onde o Conselho Nacional de Desportos (CND) proibiu a prática do futebol feminino no Brasil e levou quase duas décadas para que essa decisão fosse revogada, para ser mais preciso só em 1981 as mulheres reconquistaram o direito de voltar a praticar o futebol.
Sabemos que o primeiro jogo oficial de futebol feminino no mundo se deu em Londres, em 1898, em um jogo emocionante entre Inglaterra e Escócia. Porém, no nosso caso brasileiro, existem muitas controvérsias e versões. Ainda nesse tema de início do futebol feminino no país, o Jornal O Estado de SP (1996, p.5) revela que o futebol feminino esteve relacionado a peladas de rua e a jogos beneficentes. E por fim, segundo Clério Borges, a primeira partida de futebol feminino foi realizada em 1921, em São Paulo, onde se enfrentaram os times das senhoritas catarinenses e tremembeenses.
A institucionalização do futebol feminino começou em meados da década de 80. Salles et al. (1996) afirmam que no Rio de Janeiro constam informações que a primeira liga de futebol feminino do Estado do Rio de Janeiro foi fundada em 1981, e que muitos campeonatos que se seguiram eram patrocinados por diferentes empresas. Ainda segundo o mesmo jornal (1996), foi a partir de 1980 que o futebol feminino começou a se popularizar mundialmente. O time carioca Radar colecionou títulos nacionais e internacionais. Em 1982, conquistou o Women's Cup of Spain, derrotando seleções da Espanha, Portugal e França. A vitória estimulou o nascimento de novos times e, em 1987, a CBF já havia cadastrado 2 mil clubes e 40 mil jogadoras. No ano seguinte, o Rio de Janeiro organizou o Campeonato Estadual e a primeira seleção nacional conquistou o terceiro lugar no inédito Mundial da China. O ano de 1988 marcou também o início da decadência do Radar e, com ele, do futebol feminino do Brasil. Nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, e de Sydney, em 2000, o Brasil foi o quarto colocado e, em 2004, conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas.
Entretanto, apesar da discriminação com as mulheres no campo de jogo ou de trabalho, é possível perceber o espaço que as mulheres conquistaram ao longo da história. Na história da filosofia, várias mulheres se destacaram como seres humanos que buscaram saber e ter conhecimento. No século XX há um destaque especial a algumas filósofas importantes. Dentre elas, encontram-se Hannah Arendt, Simone Weil, Edith Stein, Mari Zambrano e Rosa Luxemburgo. Estas mulheres, contrariando a ordem patriarcal de seu tempo, foram filósofas importantes e, sem dúvida, contribuíram decisivamente para a construção do conhecimento.
A mitologia grega destaca fortemente a presença de mulheres através da figura das deusas Artemis, Atena, Afrodite, Deméter, Hera, Perséfone, Pandora e Gaia. Embora a inteligência e o pensamento sejam representados pela deusa Minerva (versão latina da deusa Atena).
Sendo assim, na história atual do futebol feminino, as mulheres alcançaram o reconhecimento merecido. Marta eleita por três vezes melhor do mundo, dividindo palco, a platéia com craques renomados no futebol mundial como Kaká, Ronaldinho Gaucho, Messi e Cristiano Ronaldo na entrega da última bola de ouro promovida pela FIFA.
A forma de olhar a mulher atleta de futebol tem uma relação direta de como os homens analisam sua postura dentro e fora do campo. Os filósofos, em geral, tematizaram (que é o tema central de qualquer discussão) sobre a mulher ao longo dos séculos, demonstrando um claro desprezo ao ser feminino. Aproveitando-nos de uma passagem de Pitágoras, o mesmo afirma que “existe um princípio bom que gerou a ordem, a luz e o homem; há um princípio mau que gerou o caos, as trevas e a mulher” (Idem: 148). Embora a mulher tenha sido desprezada na história da filosofia, o tema “mulher” foi abordado por muitos pensadores. É preciso ter presente que as abordagens sobre a mulher encontram-se numa história da filosofia que foi escrita por homens.
O pensamento vigente é de que à mulher é permitido uma mente e um corpo, mas não os dois simultaneamente. Assim, a mulher jamais poderia produzir a razão, pois já possui a beleza. Essa dicotomia (separado em duas partes) entre alma e corpo também aparece no pensamento de Platão. No diálogo O Banquete, o mesmo mostra que o amor sensível deve estar subordinado ao amor intelectual, ou seja, “na juventude, predomina a admiração pela beleza física; mas o verdadeiro discípulo de Eros amadurece com o tempo e descobre que a beleza da alma deve ser considerada mais preciosa do que a do corpo” (ARANHA/ MARTINS, 1986: 342).
Na discussão sobre corporeidade, há uma associação do fraco com o feminino e do forte com o masculino. Aristóteles já afirmava que o corpo feminino está dotado de um cérebro menor.
Diante disto, pode-se afirmar que a visão negativa do “ser feminino” baseia-se no entendimento, segundo o qual, as “deficiências”, “limitações” e a própria inferioridade da mulher decorrem de sua própria natureza, ou seja, a condição inferior da mulher é vista como algo natural e, portanto, imutável. Esta visão do “feminino” esteve presente na história da filosofia e continua sendo um desafio para as mulheres filósofas. Enquanto ser humano, a mulher é dotada de razão, mas o uso pleno e adequado ainda está reservado, majoritariamente, ao ser masculino.
Abraços.


Referências Bibliográficas.
Livros e periódicos
1. João Batista Freire (2006). Pedagogia do Futebol. – 2º. Edição Campinas, SP. Autores    Associados.
2. Ramon Missias Moreira. A mulher no futebol brasileiro: Uma ampla visão. Revista Digital – Buenos Aires Maio de 2008 / www.efdeportes.com.
3. Suraya Cristina Darido, Osmar Moreira de Souza Junior (2009). Para Ensinar Educação Física, 3ª. Edição Papirus Editora – Campinas, SP.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Alemanha na semifinal.

Em passagem pela Itália, Paulo Roberto Falcão entrevistou José Mourinho, técnico da Inter de Milão e um dos treinadores mais respeitados do mundo
A entrevista foi publicada pela edição eletrônica do jornal Zero Hora (http://zerohora.clicrbs.com.br) no dia 06 de fevereiro de 2010. Falcão fez uma grande entrevista com várias perguntas, mais uma me chamou atenção e fiz questão de reproduzi-la, na integra.
Falcão – No futebol atual, é indispensável que todos marquem? O craque do time precisa marcar?
Mourinho – O craque? O craque é a equipe! Ganhamos todos e perdemos todos. Somos todos iguais. Mas trabalhar deve trabalhar todos. E um atacante pode trabalhar se pressionar o seu adversário na frente. Sem correr muito, pode atrasar a saída do adversário para o contra-ataque. Sim, sim, temos todos que trabalhar.
Fiquei com essa resposta na mente e continue trabalhando no futebol e assistindo jogos da Copa da África. Já tinha me impressionado da maneira que se comportou a seleção do Uruguai, a seleção da Espanha, a seleção da Holanda, mais fiquei impressionado com a seleção da Alemanha.
Parece que o técnico da Alemanha Joachim Löw tem a mesma linha de pensamento do técnico José Mourinho. Ambos acham que o craque em um time de futebol é a equipe! Todos trabalham em sincronia para o bem do grupo.
Diferentemente do técnico da seleção Alemã o argentino Diego Maradona, pautou sua equipe para o individual. E até jogar contra a seleção Alemã, Tevez, Higuaín, Maxi Rodriguez, Di Maria e Messi lhe davam esse respaldo, só que sucumbiram quando enfrentou os triângulos montados por Joachim Löw.

ALEMANHA SEM A POSSE DE BOLA

Quando a seleção da Alemanha estava sem a posse de bola optou por jogar flutuando de um lado para o outro na horizontal, e sua referência sempre era a bola. Com esse tipo de movimentação os atletas da Alemanha mantinham a estrutura dos triângulos sem perder a referência ou a estrutura montada por seu técnico. Pelo lado esquerdo do campo de defesa da Alemanha, utilizou Lukas Podolski que dava o primeiro combate na posição dois ou três. O segundo combate ficou a cargo de Jérôme Boateng (lateral esquerdo) na posição três ou quatro e formando a ponta do triângulo Schweinsteiger (craque), atuando na posição três, quatro e se fosse necessário na posição cinco. Pelo lado direito o triângulo era formado por Lahm (lateral direito), Sami Khedira (volante) e Thomas Müller (volante, atacante, artilheiro!). A posição de marcação era a mesma do lado esquerdo. Diferentemente da Seleção holandesa Klose dava combate até o meio campo, talvez devido à idade o seu técnico tenha criado um esquema onde o finalizador não tivesse desgaste na marcação e ficasse preparado para finalizar o que o faz com competência. Özil é o homem da criatividade, mais também flutua no momento sem posse de bola.

COM POSSE DE BOLA

Quando está com pose de bola, vira uma avalanche. Seu técnico coloca entre seis a sete atletas no campo do adversário com qualidade, utilizando ultrapassagem e com atletas surpresa, ou seja, os volantes chegam para finalizar. Com esta postura obrigava o selecionado Argentino a marcar. Detalhe: Tevez, Higuaín e Messi não faziam recomposição, só atacavam o que deixava o meio de campo da Alemanha livre para atacar.
O selecionado Alemão utiliza um revezamento de posições dentro do setor, sem mudar a estrutura do esquema e agora os triângulos permanecendo no ataque o que facilita a recomposição. Observem Lahm lateral direito, faz à diagonal ou linha de fundo. Khedira se apresenta ao ataque sempre que a bola está do seu lado de jogo. Os pilares da ponta dos triângulos Muller que o faz pelo lado direito tem maior liberdade para flutuar, pois foi ele quem deu o passe para Podolski servir Klose no segundo gol. Muller estava pelo lado esquerdo do campo de ataque da Alemanha. Schweinsteiger o pilar do lado esquerdo, raramente muda de lado, trabalha com classe pelo seu setor e fez a jogada que resultou no terceiro gol da Alemanha pelo lado esquerdo. Então a Alemanha não tem só a função de marcar. Özil flutua pelo lado direito e esquerdo, atua como segundo atacante e deu um passe milímetro para Klose marcar o quarto gol da Alemanha. Marcar é uma das funções do todo. E como faz uma equipe ter eficiência para defender e atacar? Existem algumas explicações que podem ou não agradar os leitores.

1) A primeira variável que encontro é anular o adversário, não deixar que o mesmo jogue. A Seleção Alemã utilizou contra Argentina marcação meia pressão (intermediária para trás, alguns dizem que é zona 2) e (meio campo para trás, zona 3), sempre com a marcação por zona e de forma agressiva na virada da bola. Isso fez com que os dois armadores da Seleção Argentina, Messi e Di Maria fossem receber a bola no seu campo de defesa. Este tipo de postura deixou isolados Tevez e Higuaín que não eram abastecidos. Esta postura tática tirou a velocidade da seleção Argentina e ficaram os noventa minutos na dependência de Messi.
2) Com o desarme sendo feito na intermediária adversária ou no meio de campo, iniciavam o ataque agrupados e com movimentação. Os atletas que vem de trás servem de estrutura para Özil e Klose;
3) Não sei se é surpresa o terceiro item, mais a recomposição da seleção alemã para que os triângulos fossem formados é de impressionar, pois mesmo atacando com eficiência não permitiam a Argentina contra atacar. E para que isso aconteça se faz necessário detalhar: a) no setor que a Alemanha perdia a bola, lá começava a marcação; b) aplicação tática; c) condicionamento tático; d) resistência e força especial; e) sincronismo no momento de ocupar espaço; f) e treinos direcionados para resolver os problemas enfrentados durante a partida.
Maradona tentou, colocou mais um atacante com o intuito de fazer pressão na defesa da seleção Alemã. Só que tem um detalhe, Tevez, Higuaín, Messi e Agüero, não retornava para marcar o meio nem faziam recomposição com velocidade. Antes eram três, com a entrada de Agüero, passou a ser quatro atletas com uma única função, atacar. A Alemanha segurou sua linha de zaga, como não permitia o contra ataque o jogo permaneceu tranqüilo e a Alemanha fazendo gols.
A Argentina continuava tentando, Maradona adiantou Messi, para tentar recuar os volantes da Alemanha, mais era tarde, a Alemanha já estava na semifinal. Foi uma demonstração de como uma equipe organizada e estruturada venceu a individualidade.
Abraços