sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Futebol precisa de novos Muricys.

Muricy Ramalho, 54 anos foi atleta de futebol profissional nas décadas de 70 e 80, defendeu as cores do São Paulo e Puebla do México. Pelo São Paulo jogou 177 partidas e fez 26 gols. Atuou pelo São Paulo ao lado de atletas consagrados como Serginho Chulapa, Pedro Rocha e Chicão. Foi apontado pela imprensa paulista como um dos sucessores de Pelé.

Nessa época, o cabelo comprido de Muricy chamava a atenção não só por destoar dos demais como também por ser criticado pelo técnico Poy. O jogador chegou a se afastar dos treinos por dez dias depois de brigar para não cortar o cabelo. Na volta, como marcou gols, resolveu "não cortar nunca mais". "Eu era cabeludo, não rebelde", lembraria Muricy em 2008. "Nunca fui rebelde. Sempre obedeci os técnicos.
Eu diria que isso não é rebeldia e sim “personalidade” ou filosofia de vida. Até hoje Muricy sustenta o que faz. A maior prova foi o episódio onde o Fluminense não o liberou para comandar a Seleção Brasileira, e o fez cumprir o contrato. Observem o que Muricy falou em entrevista. “Eu tenho que chegar em casa e olhar no olho do meu filho”.
Muricy como todo ser humano não vive só de sucesso, as frustrações fazem parte do desenvolvimento do ser humano. Quando era atleta do São Paulo e no auge de sua carreira em 1975, o então técnico de futebol na época Valdemar Carabina fez a seguinte observação: “Muricy vai ser titular da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1978”.
Por ironia do futebol, em 1976 não teve uma boa temporada profissional e o ano de 1977 lhe reservaria uma surpresa. Muricy sofreu uma séria lesão no joelho que o deixou impossibilitado de exercer sua profissão por um ano. Esta lesão não o deixou jogar e foi um impecilho para que disputasse a Copa do Mundo de 1978, fato que lhe causou tristeza. Em entrevista a revista Veja de São Paulo no ano de 2007 deu a seguinte declaraçaõ. "Essa é a minha maior frustração". "Era a minha oportunidade", diria, em 2010, ao jornal O Globo. "Faltava um ano, e com certeza eu iria. Não ia ser titular, porque o titular era o meu ídolo Zico, eu ia ser reserva dele. Já estava bom.
Em 1979 Muricy foi vendido para o Puebla do Mexico onde atuou por seis temporadas, participou de 154 jogos e fez 48 gols. Em 1985 aos 30 anos no próprio Puebla decidiu encerrar a carreira de atleta profissional de futebol devido a uma sequência de contusões.
Estou fazendo está introdução e ao mesmo tempo tentando buscar palavras para tentar entender o que se passou na mente do técnico e ser humano Muricy Ramalho quando da recusa da direção do Fluminense em não libera-lo para dirigir a Seleção Brasileira.


Agora imagina você leitor, desde criança ter o sonho de se tornar jogador de futebol e ter a competência e a felicidade de realizar este sonho em um time grande como o São Paulo e Puebla do México. Ter sido extremamente profissional. Como atelta não defendeu a seleção de seu país em um mundial por causa de contusão. Se tornar técnico, ganhar títulos e chegar ao lugar mais alto. Primeiro a metodologia, os métodos de trabalho, a afirmação e as conquistas. Depois o reconhecimento pelo trabalho executado. Quando isso acontece há um credenciamento natural que o encaminha para outro patamar. As conquista continuam de maneira linear. A partir daí, só resta um degrau a subir e este degrau é verde, amarelo, azul e branco, ou seja, a Seleção Brasileira. O cargo de técnico da seleção nacional está em aberto, o sonho está próximo de ser concretizado, o convite da CBF é feito. E quando tudo se direciona para a mudança de paradigma, surge Roberto Horcades e se coloca como um ser de outro planeta e simplesmente diz: “Não vou libera-lo, você terá de cumpir o contrato”. Esta frase foi uma das maiores ignorâncias futebolisticas que ouvi, mais não presenciei.
Em entrevista ao programa "Esporte Fantástico", da TV Record, que vai ao ar neste sábado, o técnico Muricy Ramalho revela como se sentiu após a recusa do Fluminense em liberá-lo para a Seleção.
- Eu fiquei muito triste, e, na verdade, eu estou muito triste ainda. Quem é que não quer ser lembrado? Ser lembrado já é uma grande coisa, imagina ter convite? Imagina o que eu passei então - desabafou.
O treinador ainda contou como foi sua noite após a recusa de assumir o cargo de treinador da Seleção Brasileira.
- Fiquei quase a noite toda sem dormir. Amanheceu o dia e eu fiquei sem dormir - contou.
Após o desabafo na entrevista, Muricy ainda afirmou que se sente mais aliviado em ter contado tudo o que sentia e reafirmou que agiu corretamente.
- Hoje eu saio daqui (entrevista) um pouquinho melhor. Eu precisava também falar um pouco, precisava desabafar. Eu fiz o que eu achava correto - completou.
A atitude do técnico do Fluminense merece aplausos, poucos no futebol profissional assumem o que dizem. Poucos têm caráter. Muricy está mudando o futebol. Suas atitudes devem ser enaltecidas, aplaudidas. Quando era técnico do São Paulo cansei de ouvir em suas entrevistas que não tinha contrato assinado com o clube. Se não estivesse feliz no São Paulo tinha o caminho livre a seguir, o mesmo serviria para entidade. O que posso acrescentar. Por que contrato com o Fluminense? Será que seria necessário? E neste momento tão importante em sua carreira, onde assumiria o cargo de técnico da Seleção Brasileira, bastaria dizer ao presidente do Fluminense: “obrigado pela oportunidade, saio para o meu maior desafio e deixo sua equipe em primeiro lugar no campeonato Brasileiro”. O jogo que fez do Fluminense líder do campeonato Brasileiro foi à vitória sobre o Cruzeiro por 1X0 no Maracanã.
Só espero que os Deuses do futebol não voltem a punir Muricy Ramalho. Já foi punido em 1978 quando não disputou a Copa do Mundo. Que o tempo se encarregue de dar-lhe paciência, perseverança, que continue conquistando, evoluindo se preparando e que no futebol continue aparecendo novos Muricys.

Abraços.


Referências:
http://www.lancenet.com.br/
http://www.wikipedia/ - a enciclopédia livre.



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