No jogo entre Fluminense e Atlético Paranaense, Conca proporcionou ao público do Maracanã, ao telespectador, ao seu técnico Muricy Ramalho e principalmente a Washington uma reestréia dos sonhos. Foram duas jogadas que culminaram com dois passes precisos para os gols do artilheiro. O primeiro após tomar a bola de Paulinho na lateral e cruzar com precisão para o atacante finalizar. Os mais de 40 mil torcedores em êxtase no maracanã cantando a todo o momento que o “show está só começando” pareciam prever que o melhor estava por vir.
Washington retribui com abraço as duas assistências feitas por Conca que resultaram em gols.
O segundo gol do atacante no jogo, Conca conseguiu fazer uma verdadeira obra de arte. Em uma única jogada, conseguiu mostrar a quem quisesse ver o que é habilidade motora. Como definição habilidade motora é o que se aprende à medida que o repertório de movimentos é ampliado.
Pois bem, Conca recebeu a bola no meio de campo, conduziu a bola com velocidade (potência) além de utilizar está capacidade fibras de contração rápida (IIa), conduzia a bola próximo do seu pé esquerdo (técnica) e não permitia que o adversário que corria ao seu lado o desarmasse (força de aceleração). Quando o primeiro marcador ficou para trás (o atleta do Atlético desistiu), Conca começou a utilizar outros recursos fisiológicos como a resistência de velocidade. Agora as fibras de contração rápidas são (IIa e IIb), responsáveis por manter a velocidade constante até que a fadiga se acume. Atletas com o limiar anaeróbio elevado (acima de 14 km/h), conseguem evitar que a acidose metabólica se acume de maneira precoce e mantém a intensidade do movimento por um período mais prolongado. Isso pode ser uma das explicações de como Conca conseguiu e consegue fazer jogadas com elevado grau de dificuldade no transcorrer do jogo. Chegando próximo a grande área adversária, mais dois atletas do Atlético lhe deram combate. Como estava de frente para o marcador e em velocidade utilizou outros recursos da habilidade motora que são adquiridos ao longo do desenvolvimento conhecidos como “experiência”. O “drible (driblou o segundo marcador), e para driblar tem que mudar de direção, noção de tempo e espaço, (a bola continuava em seu domínio) sem que os atletas do Atlético tocassem na bola. Força de contato (com o ombro escorou o segundo marcador), equilíbrio para não cair e continuar com sua trajetória. Força de aceleração (driblou o terceiro marcador dentro da grande área de defesa do Atlético) e visão periférica (pois sabia o posicionamento do Washington) e o deixou livre para finalizar”. Era o terceiro gol do Fluminense. Só um atleta com alto nível cognitivo consegue reunir essa gama de ações motoras em uma única jogada.
Conca sem dúvidas é um dos melhores atletas em ação no Campeonato Brasileiro. E não é de hoje, desde que chegou às laranjeiras Conca sempre foi uma referência. Conca, Muricy estão conseguindo resgatar o respeito e o orgulho do torcedor pó de arroz. O placar de 3 a 1 sobre o Atlético-PR, em partida válida pela 12ª rodada do Brasileirão é o que menos importa, como poderia ser 4 a 2, 5 a 3 pelo volume e intensidade de jogo apresentado pelas equipes. Emerson também deixou sua marca ao receber um passe preciso de Washington em uma jogada de contra ataque. Parece que o Fluminense está aprendendo a jogar como equipe. Bruno Mineiro descontou para o Atlético Paranaense no fim do jogo.
São Paulo se reabilita ao vencer o Ceará no Morumbi
A vitória por 2 a 1 sobre o Ceará, na noite deste sábado, foi a primeira vitória da equipe do Morumbi após a Copa do Mundo. A equipe do São Paulo mostrou melhor postura e queria provar que está viva na competição e entrou para liquidar o jogo.
Na verdade o que a torcida do São Paulo exige é o mesmo futebol que a equipe apresentava antes da parada para Copa do Mundo da África. Entendo que o rendimento técnico dos atletas do São Paulo está comprometendo a equipe como um todo. Sem a técnica fica difícil manter a qualidade.
O que tem deixando a torcida e a imprensa apreensiva é a postura da equipe na competição. Joga de maneira displicente e esperando que seus atletas decidam individualmente (pois tem atleta para fazer isso). A equipe do Ceará atuou com um esquema tático para bloquear os principais atletas da equipe Paulista, e não permitindo que os mesmos tivessem liberdade para articular suas principais jogadas. A arma poderosa do São Paulo é a mesma apresentada desde 2006 quando Muricy por lá chegou, bola parada. E foi dessa maneira que aconteceu o primeiro gol da equipe são paulina. Escanteio cobrado com perfeição por Hernanes na cabeça de Fernandão e gol.
Fernandão abraça Hernanes após receber cruzamento e fazer o primeiro gol do São Palo.
O segundo gol aconteceu em um desarme feito por Dagoberto e passe preciso para Ricardo Oliveira dominar e tocar com classe contra o gol Cearense. A equipe do Ceará demonstrou forte poder de marcação e um contra ataque veloz com Misael e Washington e depois Erick Flores (fez o gol cearence) só que pós copa ainda não conseguiu vencer. A gordura que acumulou nos sete primeiros jogos está se esgotando e nesta volta de campeonato em cinco jogos, empatou três e perdeu dois, o que está deixando o seu torcedor apreensivo.
Mais o que o torcedor do São Paulo está esperando é que o mesmo consiga se classificar para disputar a final da Copa Libertadores, e para que isso aconteça, basta vencer o Inter por uma diferença de dois gols na quinta feira no Morumbi.
Palmeiras e Corinthians, belo jogo sem vencedor.
Palmeiras e Corinthians proporcionaram momentos eletrizantes no clássico do Pacaembu. A equipe do Parque São Jorge começou o jogo sufocando o adversário. Além de ter atletas velozes e técnicos que conseguem fazer esse tipo de jogo como Jorge Henrique, Bruno Cesar, Iarley, Elias e Jucilei, conseguia marcar o Palmeiras dentro do seu próprio campo e levava a fiel ao delírio.
E a jogada do primeiro gol do Corinthians foi uma pintura. A utilização de técnica, habilidade e velocidade é uma gama de movimentos incapaz de ser marcado. O Palmeiras cobrou escanteio, a bola foi tirada em direção de Iarley que protegeu a bola de Pierre e a deixou ir em direção a Bruno César que devolveu de calcanhar para o próprio Iarley que conduziu a bola com técnica e velocidade em direção a meta Palmeirense. Enquanto Iarley conduzia a bola por dentro do campo, Bruno Cesar se projetava pelo lado direito do ataque Corintiano para servir de opção para receber o passe. E quando essa bola se ofereceu ao seu pé direito, Jorge Henrique se projetava em velocidade pelo lado esquerdo. Bruno César cruzou rasteiro e Jorge Henrique que acompanhava a jogada finalizou para fazer o primeiro e único gol do Corinthians no jogo.
Atletas do Corinthians se abraçam após marcação do primeiro e único gol no clássico
O Palmeiras empatou após cruzamento para área, cabeceio de Kléber, defesa de Julio Cesar e no rebote Edinho empatou o jogo.
Atletas do Palmeiras comemoram o gol de empate no clássico feito por Edinho.
O que este jogo deixa de lição é pela alternância de posse de bola das duas equipes. Jogaram sempre na vertical e com intensidade. Não existiu a preocupação em ter posse de bola. O objetivo era sempre o gol, e quando se joga em intensidade o numero de faltas aumenta, assim como os erros de passes.
Não concordo com a opinião de Cleber Machado quando afirmou que as substituições foram feitas por cansaço dos atletas. Entendi como mudanças táticas para que os atletas cumprissem determinada estratégia no transcorrer da partida. Quando Adilson Batista colocou Defederico no lugar de Bruno Cesar, Felipão substitui Tinga por Lincoln, para bloquear Jucilei pelo lado esquerdo, função que Lincoln não estava fazendo. Adilson colocou Paulinho no lugar de Elias, para que Defederico tivesse mais liberdade para encostar-se ao ataque e depois Souza no lugar de Iarley, um atacante fixo com maior envergadura. Patrick entrou no lugar de Ewerton e foi jogar no lado direito e revezava com Tinga para bloquear Jucilei que estava jogando e se sobressaindo por aquele setor, Vitor estava sobrecarregado.
Se faz necessário não ficar só vendo o jogo. Procurar entender o que se passa nesse universo é tão importante quanto narrar o espetáculo.
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