segunda-feira, 26 de julho de 2010

Treinamento em Futebol Parte II

O futebol é um jogo complexo onde as demandas fisiológicas variam durante a partida. Ocorrem mudanças metabólicas e iônicas. As demandas fisiológicas podem ser de alta intensidade que elevam a fadiga momentaneamente interferindo na capacidade de potência (força, velocidade e resistência), na técnica do atleta (domínio e passe) e na função tática (posicionamento) exercida pelo atleta durante a partida. E intensidade submáxima onde não ocorre interferência sobre as capacidades físicas, técnica e tática do jogo.
O padrão de exercícios pode ser descrito como intervalado e acíclico, com esforços máximos (saltos, acelerações, chutes a gol, mudanças de direção) sobre uma base de exercícios de baixa intensidade (trotar, caminhar ou ficar parado) para recuperação das ações de potência. Isto distingue o futebol de outros desportos que mantém o movimento cíclico durante todo evento.
O futebol de maneira mais simples pode ser caracterizado pelas fases ofensiva e defensiva do jogo. A equipe que tem a posse de bola ataca, e tenta manter a posse de bola no campo adversário e concretizar o ataque em gol. A equipe que se defende, busca retomar a posse de bola fazendo bloqueios, marcando por setor, com ou sem intensidade para retomar o controle do jogo.
Dentro das perspectivas do jogo existe a questão de volume e intensidade. O volume se caracteriza quando a equipe mantém a posse de bola, rodando e circulando a bola de um lado para o outro, mantendo os atletas agrupados e esperando o melhor momento para dar um passe preciso ou finalizar a gol. Isto acontece sempre da parte defensiva para parte ofensiva. A intensidade se caracteriza quando a equipe está se defendendo, consegue recuperar a posse de bola e adianta sua equipe sempre em velocidade, seja pela lateral ou pelo meio. A equipe que joga com intensidade utilizar marcação alta (marcar no campo do adversário) ou marcação baixa (marcar em seu próprio campo), impedindo que a equipe adversária tenha volume de jogo.
A estrutura da organização do jogo deve conter toda sua complexidade independente de qualquer sistema organizado. O jogo de futebol não apresenta regularidades ofensivas nem defensivas. A percepção do aumento de problemas nas ações individuais e coletivas leva a busca de alternativas que possam desequilibrar a equipe adversária.
No programa Sportvnews do canal Sportv, foi divulgado um recente estudo feito sobre a quantificação do atleta de futebol no transcorrer de uma partida.
A kilometragem percorrida é de 10,8 km assim distribuídos:

• A forma de esforço durante a partida é intervalada;
• Mudança de atividade: 1.100 vezes;
• O atleta fica parado durante 9 minutos;
• O atleta anda por 3,178 km;
• Corre a 8 km/h em forma de trote;
• Corre em alta velocidade a 21km/h, percorrendo 626 mts;
• Corre em altíssima velocidade a 30km/h, percorrendo 356 mts;
• A frequência cardíaca durante a partida varia de 160 a 190 bpm;
• A ventilação pulmonar eleva-se a 40 vezes o estado de repouso;
• Gasto energético gira em torno de 1100 kilo calorias;
• Perde de 2 a 4 kg por partida;
• Preparação muscular especial;
• As lesões esportivas ocorrem a cada 1000 horas de prática. No futebol ocorrem 16,9 lesões a cada 1000 horas de prática;
• O gasto energético ocorre devido às mudanças de intensidade e suas variações;

A FIFA no seu site divulgou a estatística elaborada durante a Copa da África 2010 entre seleções de maneira coletiva e individual. O equipamento utilizado calcula além da distância total percorrida fraciona o desempenho do atleta no momento da partida. Como exemplo o Xavi que foi o atleta que cobriu a maior metragem na copa.
1. Distância percorrida em Km: 11,45 km;
2. Distância percorrida com bola em Km: 5,515;
3. Distância percorrida sem bola em Km: 3,595;
4. Velocidade máxima em Km/h: 7,242;
5. Tempo de baixa intensidade em minutos: 44,71;
6. Tempo de média intensidade em minutos: 7,57;
7. Tempo de alta intensidade em minutos: 8,14

Alguns detalhes que chamam atenção para o resultado deste estudo é à distância percorrida pelo atleta com bola, superior à distância percorrida sem a posse de bola. A soma da corrida em intensidade baixa é quase três vezes maior que a soma da corrida em média e alta intensidade. Um dos detalhes que faz do futebol ser um esporte diferenciado é que Xavi correu 1258 (mil, duzentos e cinqüenta e oito metros) a cada 9’10” (nove minutos e dez segundos), o que torna o futebol internacional dependente da capacidade aeróbia.

Desafio para as comissões técnicas
1. Como desenvolver a função cardiovascular;
2. Como desenvolver a função pulmonar;
3. Como desenvolver a musculatura esquelética;
4. E como trabalhar o cérebro para suportar a carga psicológica.

Aspectos básicos do exercício
O treinador como figura central da condução de um processo de treino organizado e estruturado, de modo a conseguir intervir eficazmente na criação e estruturação de exercícios terá que dominar um conjunto de aspectos decisivos, dos quais destacamos: o objetivo, o conteúdo, a estrutura e o nível de desempenho.
Objetivo - Para que este possa ser definido de forma racional devemos, em primeiro lugar, considerar e diagnosticar o nível de atletas que dispomos através do seu desempenho nos exercícios ou através de diagnóstico. Só após cumprir estes requisitos estará efetivamente apto a definir objetivos realistas e adequados, e promover a melhoria do seu rendimento. Dada a vertente multifuncional do exercício, convém referir que exercícios semelhantes podem ter objetivos diferentes, sendo da responsabilidade do treinador a hierarquia dos mesmos. Os objetivos deverão, impreterivelmente, relacionar-se com os princípios de jogo.
Conteúdo - Os conteúdos dizem respeito aos fatores de rendimento (técnicos, tácticos, físicos e psicológicos) desenvolvidos, quer pelos jogadores (individual), quer pela equipe (coletiva), em situações de jogo ou exercícios (Ferreira 2001).
Estrutura do exercício – Modificado de Queiroz (1986). Estrutura diz respeito à relação dialética que se estabelece entre a atividade desenvolvida pelos jogadores e equipe (conteúdos) e os fatores fundamentais do contexto onde evolui (o jogo). Assim podemos constatar que existem situações criadas durante o jogo que as torna fundamental, exemplo: marcação por setor, marcação individual, intensidade e volume do jogo, estratégia estabelecida e alterada e outros.
Nível de desempenho - Diz respeito ao resultado obtido pelos atletas após a realização da atividade proposta. Estas informações confrontadas com os objetivos previamente definidos resultam num conjunto de conclusões acerca do sucesso ou insucesso da atividade.
Como complementos destes aspectos podem referir mais alguns que o treinador deverá dominar, dos quais destacamos:
1. A racionalização - De acordo com Teodorescu (1987) cit. por Ferreira (2001), numa primeira análise a racionalização procura a redução do número de exercícios de treino e, o aumento do número de repetições do mesmo, tendo como objetivo de base a otimização do treino e implicitamente o rendimento dos praticantes e das equipes.
2. O modelo - Segundo Castelo (2000), "é um processo através do qual se procura correlacionar o exercício de treino com as exigências específicas da competição, com base nos índices mensuráveis das componentes de rendimento. Segundo este raciocínio, quanto maior for o grau de correspondência entre os modelos utilizados (exercícios de treino) e a competição de uma dada modalidade, melhores e mais eficazes serão os seus efeitos".
Os componentes estruturais do treino devem ser considerados no plano fisiológico e no plano técnico e tático.

1. Planos fisiológicos: duração, volume, intensidade, frequência e densidade;
2. Plano técnico e tático: espaço utilizado, formas de jogar e numero de atletas utilizados.

Classificação dos exercícios

O fator de treino predominante no conteúdo do exercício

• Exercícios técnicos (passe, domínio, cabeceio e lançamento);

• Exercícios táticos (distribuição dos atletas em campo);

• Exercícios físicos (físico técnico, físico tático, treino físico geral).

Em função do grau de identidade do exercício

• Exercícios de competição (treino coletivo);

• Exercícios especiais (treino em campo curto);

• Exercícios Gerais (força, resistência e potência).

Abraços.

Um comentário:

Gilson disse...

Fala irmao,parabens pelo blog,voce eh fera,sucesso e fique com Deus!!


Gilsinho!!