terça-feira, 13 de julho de 2010

Técnica de Ensino

Assistindo a disputa do terceiro lugar na Copa da África entre Alemanha e Uruguai, no intervalo do jogo o comentarista Junior falou que, conversando com Casagrande, chegaram à seguinte conclusão: o destaque da seleção brasileira na Copa foi o zagueiro Lúcio. No ano de 2006, o goleiro Rogério Ceni foi condecorado com o troféu de ouro concedido para o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro, juntamente com o troféu de melhor jogador do campeonato, prêmios concedidos pela CBF em grande festa realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2007, voltou a receber o prêmio de Melhor Goleiro do Campeonato Brasileiro, além de Craque do Brasileirão e Craque da Torcida, todos concedidos pela CBF. Esses fatos são motivo de reflexão e preocupação para comissões técnicas, diretores de futebol, e coordenadores em geral de futebol. Alguma coisa está errada com o futebol brasileiro. A essência de qualquer modalidade esportiva é a “técnica”. O que se espera de qualquer atleta é que domine essa essência.
Rogério Ceni e Lucio merecem serem destaques em suas equipes, por tudo que realizam no gramado. São líderes, jogam com extremo profissionalismo, servem de exemplo para quem está iniciando no esporte. Esse tipo de indicação é para acender o farol vermelho.
Sempre fui ao estádio para ver o craque jogar, para presenciar belas jogadass criadas pelo principal ou pelas principais expressões técnicas da equipe. O mais importante objetivo para quem pratica esporte é que apresente dominio técnico. Quando a CBF elege um goleiro como o craque de um campeonato, e se constata que a maioria de suas ações é feita com as mãos enquanto que o futebol dos atletas de linha é jogado com os pés, a pergunta que se faz é: Quem está treinando esses atletas? Se quem comanda não consegue ensinar ou passar os princípios do treino técnico ao seu atleta, isso é um indicativo de que o seu conceito de desenvolvimento global de um atleta de futebol é bastante deficitário.
A palavra “técnica” tradicionalmente usada como sinônimo de movimento correto - permite expressões como “gesto não técnico” ou “movimento sem técnica”. A técnica é uma prática humana e o seu principio deve ser colocado como epicentro no esporte.
A verdadeira dimensão da técnica repousa na sua utilidade para servir a inteligência e a capacidade de decisão tática dos jogadores e das equipes. Um bom executante é, antes de mais, aquele que é capaz de selecionar as técnicas mais adequadas para responder às sucessivas configurações do jogo. Por isso, o ensino e o treino da técnica no Futebol, não devem restringir-se aos aspectos biomecânicos, mas atender, sobretudo às imposições da sua adaptação inteligente às situações de jogo" (Garganta, 2001).
Segundo Renato Ortiz (2007), tradição e modernidade não precisam ser pensadas como coisas opostas. Seguindo a linha de pensamento desse autor, o futebol apresentado pela seleção da Espanha na Copa da África vai ao encontro do pensamento de seu técnico Vicente Del Bosque. Ele manteve a tradição de seu país em jogar com toque refinado. Atletas capacitados para desenvolver futebol. No primeiro tempo do jogo entrou com um 4-4-2, sem perder a essência da técnica; no segundo, ousou, substituír Pedro - que não tinha posição fixa, na frente - para dar passagem a Sérgio Ramos, que aparecia sempre como atacante pelo lado direito do campo. Colocou Navas, aberto pelo lado direito; abriu Iniesta para o lado esquerdo e centralizou David Villa. A Espanha estava jogando no 4-3-3, e quando tudo parecia decidido em termos de substituição, colocou Fabregas no lugar de Xavi Alonso.
É interessante como ficou armada a seleção Espanhola, com apenas um volante de técnica apurada, Sergio Brusquét. A partir daí a Fúria comandou o jogo de maneira incisiva, sem alterar o que vinha fazendo desde a Eurocopa, paciência e toque de bola.
No jogo de futebol existe o confronto de várias técnicas, e nem sempre os onze jogadores que iniciam o jogo dominam esses fundamentos. Podem ser escalados por questões táticas, por serem rápido, ou por jogarem em posição onde a técnica não é tão exigida. O ideal seria que os onze atletas dominassem a técnica do esporte. O jogo de Futebol decorre da natureza do confronto entre dois sistemas complexos, as equipes, e ainda caracteriza-se pela sucessiva alternância de estados de ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e variedade. Algumas técnicas de futebol, a saber:


1. Técnica de passe: passe curto, médio ou longo. Passe com a parte de dentro do pé (chamado de chapa ou chapar a bola), peito do pé (utilizado para virar uma jogada ou fazer um lançamento), passe do lado de fora do pé (chamado de três dedos);
2) Técnica de chute: normalmente utilizado o peito do pé (bater falta, chutar em gol que pode ser com a bola rasteira e parada, rolando, meia altura como chutou Iniesta no gol da Espanha contra a Holanda);
3) Técnica de cabeceio: o cabeceio deve ser executado com o atleta estando de frente para a bola, a mesma deverá bater em sua testa, mais também pode-ser cabecear com a parte lateral da cabeça;
4) Técnica em dominar a bola: o domínio pode ser feito com a ponta do pé e o pé rente ao solo, com a parte de dentro do pé ou ainda com a parte de fora do pé. O domínio de bola também é feito no peito na lateral não na parte central, na coxa e o atleta que tem uma técnica apurada domina na cabeça, mais esse domínio depende da velocidade da bola.
O processo de ensino-aprendizagem é sério, organizado, normatizado, avaliado e validado, e visa, permanentemente, a busca da excelência, pois exige um planejamento pró-ativo, meticuloso e flexível, compatibilizando as diretrizes propostas e com as especificidades de cada modalidade.
O processo ensino aprendizagem pode ser resumido da seguinte forma. Convoquem Iniesta, Xavi, Busquét, Sneijder, Robben, Forlán, Lahm, Ganso, Neymar, Robinho, Muller, Schweinsteiger, Özil e Hernanes. Coloquem os integrantes em um gramado compatível com a prática esportiva; entreguem a bola, dividam sete jogadores para cada lado e assistam ao recital do futebol: a técnica.


Abraços.

Revisão técnica. Dra. Ana Maria Souza Lima Fargoni. Professora de Linguistica e Lingua Portuguesa. 

Referências:
1. Jocimar Daolio e Emerson Luís Velozo. A TÉCNICA ESPORTIVA COMO CONSTRUÇÃO CULTURAL: IMPLICAÇÕES PARA A PEDAGOGIA DO ESPORTE.
2. Julio Garganta. Futebol e ciência. Ciência e futebol

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