Não vou ficar aqui me lamentando, tentando achar culpados pela eliminação da Seleção Brasileira da Copa da África. A equipe não apresentou um futebol condizente com a categoria dos seus atletas, nem com a expectativa que foi criada pelas conquistas da Copa America, da Copa das Confederações e com o primeiro lugar nas eliminatórias sul americana e foi eliminada, ponto. O meu objetivo é outro. Buscar uma metodologia que se torne capaz de fornecer variáveis para que os treinos se tornem excelência no futebol. 1)Em primeiro plano a teoria, que será a base para a formação dos treinos. Teoria nada mais é do que um conjunto de princípios e definições que servem para dar organização lógica a aspectos selecionados que será o treino; 2) Em segundo plano solução problema. Que pode ser entendido como o tipo de treino, sua dinâmica, volume e intensidade. Solução problema que pode e deve ser enfrentado como referencial, e um exemplo pode ser a alteração do esquema tático no transcorrer da partida. A solução problema está presente em treinos técnicos, treinos táticos e em menor escala em treinos físicos descontextualizados; 3) Objetivo. O objetivo determina o que a comissão técnica pretende atingir no momento da elaboração do planejamento. Objetivo é sinônimo de meta, e meta é um objetivo a ser alcançado, pode ser em médio ou longo prazo. Os objetivos podem e devem ser separados em objetivos gerais e objetivos específicos; 4) Método. A palavra método deriva do grego e quer dizer caminho. Método então, para o futebol quer dizer ordenação que é um conjunto de etapas a serem cumpridas na busca da excelência, e 5) Técnica, que é a forma mais segura para se fazer cumprir as atividades propostas pela comissão técnica, utilizando-se do instrumento apropriado para a prática do futebol, a Bola.
Assistindo o jogo entre a Seleção Brasileira e a Seleção Holandesa teve um comentarista que falou que a jogada do Robben era manjada, que ele pegava a bola na ponta direita e fazia sempre a mesma jogada, utilizava o drible para dentro do campo em busca de um melhor ângulo para finalizar de perna esquerda. Se a jogada é manjada como não conseguem marcar? Em minha opinião não marcam porque o Robben tem competência para exercer essa função, tanto no Bayer como na seleção holandesa. Observem que ele marca e joga sempre pelo lado direito do campo. Citei Robben, mais o Kuyt faz a mesma função, só que executando pelo lado esquerdo do campo. Kuyt correu atrás do Maicon os noventa minutos e ainda teve força e resistência para atacar. Se eles conseguem fazer esse trabalho de operário em prol de um grupo, não é só porque existe amizade, lealdade, há por trás um direcionamento no transcorrer do treinamento.
O técnico José Mourinho quando treinou a Inter de Milão se utilizou desta estratégia no jogo de volta contra o Barcelona quando o volante brasileiro Tiago Mota foi expulso. A partir daí ele utilizou duas linhas de quatro e deslocou o atacante Eto para a segunda linha. Eto recebeu a incumbência de acompanhava Daniel Alves durante o jogo. Essa mesma estratégia foi utilizada no jogo final contra o Bayer. Eto foi novamente deslocado para lateral do campo para dar servir de apoio e dando o primeiro combate no atacante Robben. A estratégia foi vencedora e a Inter de Milão foi campeã da Champions League 2009/2010.
Hoje em conversa com amigos citei o caso da Alemanha, Itália e Inglaterra como exemplo, por possuírem atletas de suas seleções atuando nos campeonatos de seu país, e isso reforça a idéia de estrutura. Fui questionado que seriam apenas três seleções para um universo de trinta e duas que disputaram a Copa da África. Só que existe um detalhe, os países da África e da Ásia que disputaram a Copa, noventa por centro dos seus atletas jogam na Europa e esses países contratam comissões européias para treinar seus atletas, ou seja, trazem a filosofia do treinar junto. No Brasil acontece o oposto, da equipe titular apenas Robinho atua no Brasil, podem dizer que tem experiência, que disputam a Eurocopa, só com uma diferença, o contato da comissão técnica brasileira com outras comissões e seus atletas é mínima. Muda a forma de treinar, alimentação e estrutura familiar. Eles passam onze meses na Europa e ficam vinte dias no Brasil e se apresentam a Seleção Brasileira para se adaptarem a uma nova forma de treinar e pensar. A chance do erro é eminente.
O futebol é um jogo e antes de ser treinado ele deve ser estruturado. E por ser futebol as variáveis são complexas. É impossível controlar as variações apresentadas pelos atletas, isso é fruto de criatividade e inteligência. Inteligência que tem haver com capacidade mental, de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias e linguagens e aprender. Entre os vários tipos de inteligências, a inteligência prática surge como uma apropriada para o futebol. Que é o conjunto dos conhecimentos adquiridos ao fazer as atividades diárias, através de diversos meios e de diversas formas. Não é um conhecimento transferível. Sternberg descobriu que a melhor maneira de identificar a inteligência prática é pedir às pessoas para relacionar exemplos de sucesso, ao resolver problemas no trabalho, através de habilidades que tenha aprendido ao fazer o seu trabalho.
E se o objetivo do treino é fazer com que os atletas se tornem aptos para ocupar espaços e desenvolvam ou criem jogadas capaz de desequilibrar o adversário é natural que os treinos ou exercícios técnicos e táticos sejam estruturados com esse objetivo, com objetivo da excelência.
Abraços.
Referência:
Wikipédia – A enciclopédia livre.
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