terça-feira, 17 de agosto de 2010

A diferença no esquema 3-5-2 entre Palmeiras e Fluminense

No futebol, os esquemas táticos são as formas de um treinador escalar sua equipe dentro do campo. As duas posições são: goleiro e os jogadores de linha. Mas, com o desenrolar da história desse esporte, foram criados vários tipos de posições, e conseqüentemente, esquemas táticos, alguns ofensivos, outros defensivos e com diferentes formas de se equilibrar (atacar e defender com a mesma eficiência).
Todos os esquemas possuem diferenças em sua configuração e também na forma de como cada jogador é orientado. Os esquemas são tipicamente identificados. Hoje abordarei o esquema 3-5-2 que foi utilizado pelo Palmeiras no jogo contra o Atlético Paranaense, e pelo Fluminense no jogo contra o Internacional de Porto Alegre. Vocês iram perceber as diferentes composições dos esquemas. O Palmeiras de Luiz Felipe Escolari utilizou cinco volantes para compor o seu 3-5-2, já Muricy Ramalho apenas dois. A partir daí o que vai importar é a estratégia utilizada pelos técnicos. Só para o leitor se posicionar: tática é a maneira que os atletas são distribuidos em campo,pode ser no 3-5-2, 4-4-2 ou 4-3-3; a estrategia é a movimentação dentro do padrão tático.
O Palmeiras jogando no Pacaembu não encontrou dificuldades para encaixar o seu esquema diante do Atlético Paranaense. A primeira providência da equipe Paulista foi anular o 4-4-2 utilizado por Paulo César Carpegiani. Felipão colocou o volante Rivaldo pelo lado esquerdo para marcar Guerrón, Danilo ou Fabrício marcavam Bruno Mineiro; Marcos Assunção ou Edinho se revezavam na marcação sobre Paulo Baier; Márcio Araujo marcava Paulinho, Tinga teve sossego na marcação porque Bruno Costa quase não ia ao ataque, e com isso Tinga marcava o segundo volante do Atlético. Pelo lado direito do Atlético Leandro atacava para se aproximar de Guerrón, aí Rivaldo e Fabrício se uniam para anular o setor direito do Atlético e Danilo marcava Bruno Mineiro, com Edinho fazendo a sobra ou o contrário. Desta forma o Palmeiras anulou a equipe Atleticana.

Esquema 3-5-2 utilizado pelo Palmeiras no jogo contra o Atlético Paranaense.

Quando o Palmeiras atacava, Tinga não ficava fixo e tinha liberdade para criar as jogadas ofensivas ao lado de Luan, Tadeu e Marcos Assunção. Em vários momentos do jogo o Palmeiras criava outra linha na zona intermediaria de ataque com: Márcio Araujo, Marcos Assunção, Edinho e Rivaldo. Tinga aparecia como primeira opção na zona de ataque e tentava fazer a bola chegar até Luan e Tadeu, os dois atletas dificultaram as ações ofensivas da equipe Palmeirense, pois não estavam em uma noite feliz.. Tinga fez jogada de ponta no primeiro gol Palmeirense driblou seu marcador e cruzou para Danilo completar de cabeça. A equipe Palmeirense encurtou o campo de ataque do Atlético, marcando de sua intermediária ofensiva para trás, e com isso tirou a criatividade da equipe Atleticana. Tinga, Márcio Araujo, Edinho, Marcos Assunção e Rivaldo, além de fazerem a recomposição rápida tentavam manter a posse de bola neste setor. O Palmeiras abdicou de marcar a saída de bola do Atlético, preferiu não dar espaço para contra ataques, a estratégia funcional e minimizou as finalizações da equipe Paranaense. Felipão utilizou esse quinteto no jogo, ou melhor, oito atletas para anular a equipe Atleticana, com o intuito de recuperar a bola no meio de campo e ter posse de bola. Felipão promoveu algumas mudanças para iniciar a partida: tirou Vitor e deslocou Márcio Araujo para o lado direito; Pierre era o titular até está partida e saiu para dar lugar a Fabrício e Edinho ficou como primeiro volante; Armero estava suspenso pelo terceiro cartão amarelo e coube a Rivaldo fezer a função pelo lado esquerdo, Ewerthon foi substituído por Luan.
No decorrer da partida o Atlético Paranaense mudou o posicionamento tático da equipe, saiu do 4-4-2 e passou a jogar no 4-3-3, com as entradas de Branquinho, Mithyuê e Maikon Leite. A equipe do Atlético ganhou em postura ofensiva já que Paulo Baier era o quarto atacante da equipe paranaense. Só que o ferrolho armado por Felipão anulava as investidas ofensivas do ataque Atleticano. Felipão colocou Ewerthon no lugar de Luan e depois de receber um passe preciso de Tinga finalizou sem chances para o goleiro Neto.
A distribuição dos atletas Palmeirenses quando estavam atacando, chegou a confundir  quem viu o jogo, dava-nos a impressão de: 3-4-3; 4-4-2 ou um 3-4-1-2.  Em meu entendimento o que ficou bem visível era o posicionamento dos três homens de trás: Maurício Ramos, Danilo e Fabrício ou Edinho. Os quatro faziam o revezamento para manter a linha dos três zagueiros intacta, outro detalhe: a recomposição dos homens de meio campo para agrupar com os três zagueiros foi mais eficiente e Paulo Baier não conseguiu utilizar o costado dos volantes para finalizar. As bolas finalizadas por Paulo Baier foram sempre de bola parada. O Palmeiras perdeu em criatividade e ganhou em eficiência defensiva, é o jeito Felipão de jogar.


O FLUMINENSE E SUA DINÂMICA

Dos quatorze jogos disputados até o momento, o Flu venceu dez e contra o Internacional, o tricolor conseguiu sua terceira vitória consecutiva!
Muricy Ramalho está conseguindo o mesmo equilíbrio que conseguiu com a equipe do São Paulo quando foi campeão em 2006, faz gol e não toma. O Fluminense em quatorze jogos fez 23 gols (média de 1,64 por jogo), e sofreu 9 (média de 0,64 por jogo), sua defesa é a segunda menos vazada da competição, está atrás apenas da equipe do Ceará que sofreu 7 gols (média de 0,5 por jogo), em compensação o ataque cearense fez apenas 10 gols (média de 0,71 por jogo), respeitando as devidas proporções. A equipe que toma poucos gols chega.
Estou contextualizando, serve apenas de introdução para interpretar o que Muricy Ramalho quer utilizar como estratégia de jogo.
Joga com três zagueiros: linha 1) Gun, Leandro Euzébio e André Luiz; o meio campo, linha 2) Mariano, Diguinho, Diogo, Julio César e Conca; ataque ou linha 3) Emerson e Washington. O Palmeiras também joga com essas três linhas, então onde está a diferença:

1) Entendo que Muricy Ramalho é o melhor técnico do Brasil; respeitou a base que o Fluminense possuia e a está melhorando; Conca é disparado o melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 2010; Muricy tem o dom de agregar, sabe contratar, está adaptado ao futebol Brasileiro, e não me venham falar que em São Paulo se treina duro e no Rio de Janeiro não. Em várias entrevistas o técnico afirma que sua semana é a seguinte: terça e quarta feira dois períodos; quinta e sexta feira um período só. A programação semanal ou microciclo que utilizava no São Paulo, no Internacional de Porto Alegre, no Náutico, na Portuguesa Santista, no Figueirense e no Palmeiras é a mesma, ou seja, treino forte. Ele simplesmente vai impondo seu ritmo e a equipe procurando se adaptar a essa nova forma de pensar, na maioria dos clubes fez sucesso e ganhou títulos, além de ser um estudioso do futebol;

2) O esquema 3-5-2 de Muricy é ofensivo, observem quando está com a posse de bola: Mariano se torna atacante, fazendo diagonal ofensiva ou pela linha de fundo com a mesma técnica e eficiência. Conta sempre com o apoio de Diguinho, Conca e Emerson; Julio César pelo lado esquerdo tem a mesma função, só que no momento não tem a mesma ofensividade técnica de Mariano, mais conta com apoio de Diogo, Conca, Diguinho e às vezes Mariano que se desloca para dar opção no ataque; Diogo e Diguinho incansáveis para defender e atacar, fazem poucas faltas, com a bola no pé jogam com facilidade. Diguinho quando era atleta do Botafogo jogava como segundo volante ou de meia ofensivo. Se transferiu para o Fluminense e com a chegada de Muricy evoluiu e está fazendo a equipe tricolor jogar pelo seu setor. Diogo evolui, procura recuperar a bola sem fazer faltas, com a bola no pé sabe o que fazer. O entendimento com Diguinho e Conca é muito bom;
3) Washington continua como homem de referência, só que tem ao seu lado o “Sheik”, o homem joga muito. Tem movimentação, mobilidade, habilidade, técnica e sabe fazer gol. É sempre uma opção para Conca, Mariano, Diguinho e Julio César. No gol que fez contra o Internacional, entrou na diagonal, recebeu o passe de Conca e finalizou com precisão. Washington não tem esses requisitos, mais sabe fazer gol. Não tem a mesma responsabilidade que tinha no São Paulo de fazer gol, está mais tranquilo e os gols começaram a surgir;

 O esquema tático 3-5-2 do Fluminense e suas variações ofensivas e defensivas.

4) As linhas da equipe do Fluminense jogam próximas pressionando o adversário a recuar para o seu sistema defensivo, e com isso marca a saída de bola do adversário. Gun é zagueiro alto, veloz e tem bom posicionamento, joga pelo lado direito: André Luiz também é alto e utiliza a força para se impor, joga pelo lado esquerdo. Leandro Euzébio, que não tem a mesma estatura que os seus companheiros de zaga, compensa com recursos técnicos. Observem uma questão: é possível formar um losangulo jogando no 3-5-2? A resposta é sim, e fica constituído dessa forma: Leandro Euzébio na cabeça do pendulo, Diogo do lado esquerdo, Diguinho do lado direito e Conca no final do pendulo em posição de ataque;

5) Deixei pra falar do quinto item porque dispensa comentários: é baixinho, técnico, habilidoso, criativo, participa do jogo, coisa até rara para um atleta com este nível técnico e está fazendo acontecer. Conca vive o seu melhor momento com a camisa tricolor, parece que os outros anos serviram de adaptação para o Argentino, ele acha espaço onde não existe e tem feito a torcida pó de arroz dormir mais feliz.
6) A equipe do Fluminense é uma equipe técnica, os atletas sabem jogar e isso faz a diferença. É o oposto da equipe do Palmeiras, os atletas que estão jogando não tem a técnica apurada o que dificulta a estruturação da equipe.
7) O Fluminense quando está com posse de bola na sua distribuição tática aparecem vários triângulos como: André Luiz, Leandro Euzébio e Diogo; Diguinho, Mariano e Conca; Diogo, Julio César e Conca; Conca, Mariano e Emerson. Ora, se a equipe está distribuída em triângulos, a equipe está preparada para cobertura devido as diagonais que surgem com este posicionamento tático.
8) A versatilidade dos atletas do Fluminense é notória, e o esquema tático 3-5-2 pode ser interpretado na parte ofensiva e defensiva com um 3-2-3-1-1; 3-2-3-2; 3-2-4-1 ou 3-2-4-1.
A imprensa que vem cobrindo os jogos do Fluminense faz questão de lembrar que ainda tem Deco, Belletti, Fred, Valencia e Carlinhos para entrar. A equipe vem rendendo sem esses atletas, vem jogando um futebol convincente. O Muricy sabe organizar.
Abraços

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