O Futebol é um desporto coletivo, e por esse aspecto é complexo, exigindo assim uma sequência não lógica de ações motoras que combinam técnicas, táticas e trás consigo as capacidades físicas exigidas para uma correta combinação de movimentos.
A função do goleiro, além das condições citadas, existe particularidades que é próprio da função, como: pegar a bola com a mão (coordenação motora fina). A regra do futebol permite ao goleiro utilizar as mãos dentro do seu limite máximo que é a grande área. E para que o goleiro se prepare de maneira adequada, faz-se necessário um profissional qualificado para organizar sua rotina de treinos.
Dentro da psicologia do esporte, há três grandes blocos de atuação, nos quais o goleiro deve ser inserido e abordado: “a motivação, a concentração e o controle emocional”. Como a maioria dos clubes não tem a preocupação de ter um psicólogo do esporte, é neste momento que a intervenção do técnico de goleiros é fundamental para acalmar, dar confiança e direcioná-lo quando acontecer uma falha.
E para falar dessas particularidades conversei com um dos melhores técnicos de goleiros em atividade no país e que desde novembro de 2009 treina diariamente os goleiros do “Almerreikh” equipe do Sudão na África. Wilker Moreira integra a comissão técnica do professor Carbone. Neste bate papo descontraído o meu amigo Wilker fala sobre vários aspectos da sua profissão
Professor Wilker Moreira, técnico de goleiros do Almerreikh equipe do Sudão na África.
Serginho: Quem foi a sua referência quando começou a treinar goleiros?
Wilker: Foi meu pai o professor Aguinaldo Moreira. Era técnico de goleiros do S.C.Corinthians Paulista, equipe profissional. Foi quem me incentivou a seguir seus passos, me deu conselhos, conversamos sobre postura, psicologia, estrutura, enfim, o que um profissional capacitado pode passar ao iniciante.
Serginho: Comente sobre a sua filosofia de trabalho?
Wilker: A minha filosofia de trabalho é exigir nos trabalhos durante a semana. Tenho muita preocupação com os fundamentos.
Serginho: Você foi técnico de goleiros do Corinthians Paulista, Portuguesa de Desportos, Flamengo de Guarulhos, São Bento, E.C Kalamata (Grécia), Portuguesa Santista, E.C Taubaté, E.C Santo André e Almerreikh (Sudão), para citar alguns clubes. A filosofia destes clubes fez você alterar sua metodologia de trabalho?
Wilker: Sim aprendi coisas novas durante os treinos, como lidar com o profissional que é querido pelo clube. Tenho por filosofia de vida a honestidade, e chegando ao clube os goleiros logo percebem. Tenho uma metodologia própria, um estilo de trabalho diferente, e isso é bom, pois os goleiros têm sempre uma novidade durante os treinos. Com a experiência adquirida fortaleci meu trabalho.
Serginho: Você trabalhou na Grécia que é considerada o berço da civilização. E agora você trabalha no Sudão na África. São civilizações distintas. Qual a dificuldades de adaptação nesses dois países?
Wilker: Graças a Deus me adapto fácil. Encaro como crescimento na minha área, aprender coisas diferentes, e isso é muito bom. Aprendi como se fala e os costumes da Grécia. Estou aprendendo o idioma e os costumes do Sudão, e como lidar com a cultura deles. A dificuldade sem dúvida é o idioma, preciso passar o posicionamento correto para os goleiros, o resto foi normal.
Serginho: Como está sendo a repercussão do seu trabalho no clube?
Wilker: Muito boa. Quando aqui cheguei, os goleiros tinham muitas dificuldades, e a técnica era a principal, por não possuírem categoria de base. O meu trabalho foi de iniciação. Encontrei nos goleiros interesse em aprender, o que facilitou a evolução dos mesmos. E como recompensa um dos nossos goleiros foi convocado para seleção Sub-20 do Sudão.
Serginho: Que lições você está tirando desta nova experiência?
Wilker: A lição que eu mais aprendi: como lidar com a falta da familia e morar em um país desconhecido. E por ser um país muçulmano é muito complicado, mais está sendo um grande aprendizado.
Almerreikh equipe do Sudão na África.Em pé, de vermelho, da esquerda para direita Professor Alexandre Guines. Em pé e também de vermelho, da direita para esquerda, Professor Wilker Moreira.
Serginho: Existe algum segredo para treinar goleiros? E como você trabalha a parte psicológica?
Wilker: Não. É um trabalho mais didático. É corrigir durante os treinos e cobrar quando estiver fazendo errado. Interrompo o treino e mostro o posicionamento correto até ele assimilar. A psicologia é: o técnico de goleiros não está ali só para treiná-los, eles tem que saber que tem um amigo, um irmão, um conselheiro e o principal, quem os treina é honesto.
Serginho: O que você tem feito para que o dia a dia não se torne uma rotina? E como você lida com o seu dia a dia pós treino e jogos?
Wilker: Procuro diversificar, vou elaborando e buscando situações para melhorar a qualidade do meu trabalho. Converso com os preparadores físicos, sobre o que executam dentro de campo, e o que posso trazer de beneficio para os goleiros. Procuro conversar com os amigos do Brasil no msn para saber das novidades, estudo sobre o idioma e costumes do país. Estou em paz, com a cabeça boa e tranquila por estar fazendo um trabalho correto e sincero.
Serginho: Como você avalia a evolução da posição de goleiro? E qual o melhor goleiro no momento em sua opinião?
Wilker: É uma posição com uma responsabilidade imensa, porque é o unico que não pode errar, e por ser um orientador durante o jogo. Vê o jogo lá de trás. O melhor goleiro do Brasil no momento é o Vitor, goleiro do Grêmio. Fora do Brasil o Casillas do Real Madri.
Serginho: Para terminar professor. De acordo com sua concepção, o que você acredita que deixará de aprendizado para o povo e os goleiros do Sudão?
Wilker: Que eles possam aprender a cada dia. Basta querer, ter força de vontade, dedicação e honestidade.
Serginho: Amigo muito obrigado por essa entrevista. Você foi o primeiro, e mostrou humildade, caráter e profissionalismo. Estou na torcida, felicidades e ótimo trabalho.
Sinceros abraços.
Nenhum comentário:
Postar um comentário