quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A evolução no futebol

A evolução no futebol é constante, ficando cada vez mais evidente seu caráter competitivo, regido por regras e regulamentos. Existem duas correntes pedagógicas de ensino para os jogos desportivos coletivos: uma utiliza os métodos tradicionais, decompondo os elementos (fragmentação), na qual a memorização e a repetição permitem moldar a criança e o adolescente ao modelo adulto, o que é um erro. A outra corrente destaca os métodos ativos, que levam em conta que, a partir de situações vivenciadas, imaginação e reflexão possam favorecer às situações causadas pela imprevisibilidade. Essa abordagem pedagógica, chamada de "pedagogia das situações", deve promover a cooperação com seus companheiros, com a equipe, opondo-se aos adversários, mostrando, as possibilidades de percepção da “situação de jogo", interferindo na tomada de decisão, buscando resolver os problemas que surgem com respostas motoras mais rápidas, principalmente nas interceptações e antecipações, frente à atividade dos adversários.

Ronaldinho e Diego: técnica apurada e resposta motora rápida.

Mertens & Musch (1990) apresentam uma proposta para o ensino dos jogos coletivos, tomando como referência "a idéia do jogo", no qual as situações de exercícios da técnica aparecem claramente nas situações táticas, simplificando o jogo formal para jogos reduzidos e relacionando situações de jogo com o jogo propriamente dito. Essa forma de jogo deve preservar a autenticidade e a autonomia dos praticantes, respeitando-se o jogo formal. Sendo assim, devem-se manter as estruturas específicas de cada modalidade; a finalização, a criação de oportunidades para o drible, passe, e lançamentos nas ações ofensivas. O posicionamento defensivo é generalizado e almeja-se dificultar a organização ofensiva dos adversários, principalmente nas interceptações dos passes, estabelecendo uma dinâmica entre as fases de defesa-transição-ataque.

Seleção da Espanha: técnica inserida na organização tática do jogo.

Garganta (1998), nos estudos sobre pedagogia do esporte, enumera duas abordagens pedagógicas de ensino: a primeira é mecanicista, centrada na técnica, na qual o jogo é decomposto em elementos técnicos: passe, drible, recepção, arremesso. Os gestos são aprimorados, especializados, e suas conseqüências mostram o jogo pouco criativo, com comportamentos estereotipados e problemas na compreensão do jogo, com leituras deficientes do ponto de vista tático. Nos dias atuais, para atingir resultados desportivos superiores, os atletas dedicam-se à atividade esportiva durante muitos anos. Por isso, tornou-se necessária uma subdivisão metodológica rigorosa em longo prazo, relacionada à preparação dos atletas, na qual as etapas e fases não têm prazos definidos de início e finalização, pois dependem não só da idade, mas também do potencial genético do esportista e do ambiente no qual ele está inserido.

O drible é uma abordagem pedagógica e mecanicista.

Teodorescu (1984) afirma que: os aspectos físicos do desenvolvimento morfofisiológico e funcional podem ser desenvolvidos com as influências positivas do jogo no processo de aprendizagem e prática. Deve-se, então, apropriar-se do aumento da intensidade nas aulas e nos treinamento em relação aos espaços dos jogos, visando ao desenvolvimento da capacidade aeróbia, base para outras capacidades. A velocidade de reação, mudança de direção e parada brusca, já desde a fase anterior, deve ser aprimorada, melhorando o controle do corpo. A flexibilidade deve ser desenvolvida de forma agradável, sempre antes das sessões de treinamento, pois se alcançam, nessa fase, períodos ótimos de sensibilidade de desenvolvimento.

Treino em campo reduzido

Para uma melhor compreensão sobre a tática, Konzag (1983) a divide em individual e de grupo, tanto no ataque quanto na defesa. Bota e Evulet (2001) acrescentam que a tática de equipe é ações coletivas, indicando os princípios de ações ofensivas que estão nas bases dos sistemas dos jogos desportivos coletivos; posicionamento rápido, contra ataque, ataque e defesa. As ações táticas em grupos entre dois e três atacantes ou defensores com e sem bola são subordinações dos princípios do jogo. As ações individuais com e sem bola são utilizadas somente por jogadas de um só jogador. Outro conteúdo específico é a "transição", entendida como contra-ataque nos jogos desportivos coletivos. Paes (2001) define essa fase "como a passagem da ação defensiva para a ação ofensiva" (Paes, 2001, p. 113). Constatamos que a evolução técnica e tática e as mudanças na regras do jogo transformaram a transição ou contra-ataque em objeto de estudo de várias escolas esportivas em todo o mundo. Assim, deve-se dar atenção especial aos aspectos fundamentais que envolvem o treinamento da transição ao ensinar esportes para adolescentes, pois estes aspectos, desenvolvidos com vantagem e desvantagem numérica, podem aperfeiçoar em reais situações de jogo a técnica, a tática, o físico e o psicológico dos atletas na busca da maestria, ou seja, da autonomia e do conhecimento teórico e prático sobre o contexto dos jogos.
Com base nesse pensamento, devem-se iniciar as organizações táticas, ofensivas e defensivas sem muitos detalhes. As "situações de jogo" devem ser trabalhadas em 2x1, 2x2, 3x3 e 4x3, possibilitando aos atletas a oportunidade de praticar os fundamentos aprendidos em situações reais de jogo, com vantagem e desvantagem numérica.

Treino tático, situação de jogo: 2 contra 1.

Nos esportes, o uso tradicional do termo “tática” tem sido limitado, reduzindo-se aos sistemas de jogo ou a algumas jogadas ensaiadas pelo técnico. Tem sido desconsiderada a dimensão da busca de estratégias, da inteligência tática, privilegiando-se um modelo estático e pouco variável de posicionamento no campo. Da forma como estamos defendendo, a inteligência nos esportes não consiste em apenas possuir respostas prontas, mas em apresentar condições criativas para construir respostas eficazes (BAYER, 1994; GARGANTA, 1995).
Jogada ensaiada no futebol: bola parada.

Abraços

Fonte:
Valmodiro de Oliveira e Roberto Rodrigues Paes. Estudo sobre o ensino dos jogos desportivos coletivos.

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