sexta-feira, 6 de maio de 2011

A volta do futebol show!

OPINIÃO

São vitórias e gols em sequência, para quem duvidava que o Coritiba só dominasse o campeonato Paranaense, ontem essa certeza caiu por terra. A equipe comandada por Marcelo ex meia armador do Atlético Mineiro, que jogou futebol numa era dos grandes espetáculos, talvez essa lembrança o fez armar sua equipe para dar espetáculo. A equipe do Galo mineiro possuía atletas de alto padrão técnico, só para terem uma ideia o meio de campo era formado por: Toninho Cerezo, Marcelo (técnico do Coritiba) e Paulo Isidoro, tinha Ângelo, Danival. O ataque era avassalador e tinha: Reinaldo, considerado por quem o viu jogar, um dos melhores atacantes que o futebol Brasileiro já produziu. O companheiro de ataque de Reinaldo era Ziza, Romeu, Arlem, nesta época Marinho estava surgindo, outro craque de bola. Essa equipe de craques foi capaz de produzir confrontos históricos contra o arquirrival Cruzeiro de Joãozinho, Nelinho e companhia. Eu tive o prazer de assistir um clássico entre Atlético Mineiro e Cruzeiro no Mineirão em 1976, a equipe do Atlético era formada por: Careca; Getúlio, Márcio, Vantuir e Flávio; Toninho Cerezo, Danival e Paulo Isidoro; Arlem, Campos (Reinaldo, o Rei) e Marcelo depois Ângelo. O técnico era Mussula. O Mineirão estava lotado, acredito que deveria ter mais de 60 mil pessoas. Além dos craques na produção do espetáculo, a eterna rivalidade entre atleticanos e cruzeirenses se fazia presente. Este jogo foi vencido pelo Atlético Mineiro por 2 a 1. Um detalhe: o lateral esquerdo Flávio é irmão do atacante Romeu, que ficou conhecido como Romeu cambalhota, ganhou este apelido por comemorar seus gols fazendo a famosa cambalhota. Nesta partida que assisti Romeu não jogou, pois estava cumprindo suspensão por cartão.

Marcelo chegou ao Coritiba depois da saída de Ney Franco que foi comandar a Seleção Brasileira (formação), sua chegada ao Coritiba teve a participação do próprio Ney. Este estava certo, talvez não imaginasse a avalanche verde que se tornaria está equipe do Coritiba. Marcelo estruturou sua equipe de maneira interessante. Colocou os laterais para marcar, didaticamente correto. Marcar é a primeira função do defensor, isso evita que os zagueiros fiquem saindo para as laterais para fazer cobertura, e o setor defensivo fica resguardado. Os volantes e meias fazem tanto a cobertura defensiva como ofensiva, ou seja, quando não estão com a posse de bola, reduzem o espaço do adversário e com isso evitam o contra ataque. O ataque com movimentação constante sem manter posição fixa o que dificulta a marcação do adversário. Utiliza marcação por setor com pressão alta.

Essa escalação do Coritiba no 1-4-4-2 é ledo engano. Marcando a equipe vira: 1-4-5-1 às vezes 1-4-6-0 todos marcam, sem exceção. Quando está atacando – Rafinha fica aberto pelo lado direito, Bill centraliza e Davi aberto pelo lado esquerdo. Detalhe: os atacantes abertos, com bola, fazem tanto a jogada de fundo como para dentro. Esses atacantes trocam de posição constantemente, querem exemplo: no segundo gol do Coritiba Bill se deslocou pelo lado esquerdo do ataque, cruzou para entrada de Davi como atacante de área. O meio campo composto por -  Leandro Donizete, Leo Gago e Anderson Aquino. Não estou sonhando a equipe joga no que ficou consagrado o futebol brasileiro: 1-4-3-3, como joga o Manchester, Arsenal, PSV, como o Vitória da Bahia quando era comandado por Vagner Mancini, o Bayer de München e outros. A equipe joga com dois meias, pois Léo Gago só é segundo volante para defender, quando a equipe do Coritiba tem a posse de bola, se torna um meia com muita qualidade. Entendo como o futebol total? O Coritiba no jogo de ontem provou que é possível. Marcou a saída de bola do Palmeiras, quem tinha liberdade para jogar eram os zagueiros e até a linha intermediária ou linha 1. A partir daí bloqueava os volantes, Rafinha e Davi voltavam para marcar os laterais do Palmeiras. Jogar desta maneira exige humildade e entendimento do atleta em querer estruturar uma ideia tática e coloca-la em prática. E essa prática vem produzindo resultados encantadores, com vitórias e gols. São mais de 60 no ano. Um fato interessante aconteceu ontem no jogo. O zagueiro Pereira foi substituído no começo do segundo tempo por sentir uma contusão. Ficou no banco de reservas fazendo tratamento e assistindo o restante do jogo. O técnico Marcelo substituiu Leandro Donizete, pois o mesmo estava com cartão e com medo do segundo cartão tomou uma decisão acertada. Leandro não gostou e saiu reclamando e foi sentar ao lado de Pereira. E os repórteres flagraram uma cena pouco comum em um futebol repleto de vaidades. Pereira deu uma bronca em Leandro e o fez voltar à realidade. Isso se chama “companheirismo”. Mostrar para o atleta que o epicentro da equipe do Coritiba é o “grupo” e não um atleta isolado. Por essas e outras é que a equipe vence e convence. Os torcedores saíram de campo extasiado com o futebol apresentado pela equipe, um futebol de encher os olhos.
 
 
 




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