Causa estranheza
quando você lê uma declaração de um técnico como Frank de Boer, onde ele afirma:
não imaginava que equipes Brasileiras usassem o 4-4-2. “Não parece o jeito
brasileiro de jogar”. Faço aqui uma pergunta! A tática está inserida
diretamente no jogo ou o jogo está inserido na tática? Pela afirmação do
técnico Holandês, a tática ou a distribuição dos atletas em campo é que define
o modo de jogar. E vai mais além ao dizer que na Europa não se usa este
referido esquema tático. E que há Holanda usou o 4-3-3 antes do Barcelona, isso
a partir de 1974. Mais teve humildade suficiente para afirmar que a equipe do
Barcelona comandada por Guardiola é a melhor de todos os tempos.
De Boer na Copa de 1998: o melhor jogo da minha vida
Enquanto lia a
entrevista do técnico do Ajax, concedida ao portal ig, começou a me passar um
filme na mente, lembrando os esquemas táticos utilizados no passado pelo
futebol Brasileiro, e chego a conclusão que: foi tirado ou arrancado da mente
do atleta Brasileiro de Futebol, a palavra "arte". Consultando a
Wikipédia (enciclopédia livre da internet) encontro está definição: Arte (Latim Ars,
significa técnica
e/ou habilidade) geralmente é entendida como a atividade humana ligada a
manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções
e ideias, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência em um ou
mais espectadores, dando um significado único e diferente para cada obra de
arte. Então espera aí, eu não estou ficando louco ou imaginando algo surreal.
Realmente foi retirada do cérebro do atleta Brasileiro de Futebol, a técnica
(domínio de bola de várias formas e o passe), a habilidade (dribles, dribles
desconcertantes, ginga, criatividade, imaginação), todos relacionados a
atividades coordenativas. E o mais grave, a estética ou a plasticidade de uma
jogada, de um passe, a consciência com a bola nos pés para ver o melhor
companheiro colocado, passe milimétrico para o companheiro ter condições de
fazer o gol, deixar a torcida feliz, extasiada, bêbada de emoção. E o que seria
uma obra de arte? O grande Picasso, Aleijadinho e Van Gogh ficaram
imortalizados com suas obras. Bethoven com sua quinta sinfonia, considerada uma
das mais sublimes. E que dizer quando um atleta não consegue dominar, passar e driblar?
A torcida o chama de perna de pau, pereba, caneludo, para não citar outros
adjetivos. Será realmente que o atleta de futebol ou o artista da bola está
sendo tratado da maneira correta durante o seu treinamento? Será que os profissionais que comandam que
lidam no dia a dia estão capacitados para dar um direcionamento ímpar a estes
postulantes a "craques". Faz algumas décadas que o sinônimo de craque
mudou - antes, Rivelino, Paulo César Caju, Edu (ponta esquerda que atuou no
Santos e na Seleção Brasileira), Nilton Batata, Juari e João Paulo (trio de
ouro do Santos no final da década de 70 e começo da década de 80), Zico,
Junior, finado Geraldo (craque do Flamengo nos anos 70), Carlos Alberto
Pintinho, Marinho Chagas ( foi considerado o melhor lateral esquerdo da Copa de
74), sem citar o maior de todos "Pelé". Estava esquecendo, Pepe,
Mengalvio, Didi (o rei da folha seca), Nilton Santos (considerado o melhor
lateral esquerdo do Brasil em todos os tempos), desfilavam pelos gramados de
futebol, era época em que os estádios recebiam 100 mil, 120 mil pessoas para
assistir um clássico. Hoje, bem, deixa pra lá. Será que o chip no cérebro desses
celeiros de craques era diferente? O futebol por ser diferente naquela época
progrediu? E o que as equipes Brasileiras vêm apresentando, e indicio claro de
regressão futebolística. Parece que sim, segundo afirmação de críticos ferrenhos
do futebol como: Alberto Helena Junior, Tostão, Gerson, Juca Kfouri, Trajano,
PC Vasconcelos, o falecido Dr. Sócrates (quando em vida era um ferrenho crítico
da maneira de treinar e jogar das equipes Brasileiras). Antes o salário era
pequeno e o futebol grande e vistoso. Hoje os salários são grandes e o futebol
apresentado pelos nossos postulantes a craques está deixando a desejar. Tem
exceções, claro, como em toda regra. Puxando a nossa bandeira
"Neymar", alguns confundem a força, a velocidade e a técnica do
Lucas, com habilidade e sincronismo. Amigos há uma diferença gritante e
explicada neste mesmo texto.
Frank de Boer: surpreso com o esquema tático utilizado
no Basil - 4-4-2
Paulo Henrique Ganso
despontou como sendo uma nova joia da camisa 10 Brasileira, só que as seguidas
contusões não têm permitido que a sua carreira deslanchasse e o eleve a um
patamar superior. O Vasco apresentou Bernardo no Campeonato Brasileiro de 2011,
só que, foi revelado pela equipe do São Paulo. E o Flamengo, Botafogo,
Fluminense, apresentaram quem?
Voltando ao esquema
tático. Dos tempos áureos do 4-3-3, começamos a jogar no 4-4-2 com ponta esquerdo
falso, lembram-se do Rivelino na Copa de 70 no México, era ele quem executava
essa função. Tostão não era um centro avante fixo, tinha mobilidade e técnica
para executar tal função. Jairzinho o furação da Copa, atuava como ponta
direita. Na verdade na Copa de 1974 a seleção Brasileira não conseguiu repetir
essa formação ofensiva, ou os atletas não se encontravam em condições de exercer
a função. Não teve Pelé, o atacante de área passou a ser Jairzinho, Gil era o
ponta direita. Em 78 até o lateral esquerdo foi improvisado (quem jogou neste
setor foi Edinho, zagueiro do Fluminense), depois que entrou Rodrigues Neto.
Nesta Copa quem apresentou uma verdadeira revolução tática foi à equipe da
Holanda (considerado até hoje o único futebol total), comandada por duas
lendas, o técnico Rinus Michels e Johan Cruijff, Considerado um jogador revolucionário, tático, ofensivo,
coletivo, vistoso e eficiente. Em 82 surgiu uma equipe maravilhosa comandada
pelo mestre Telê Santana, jogava em um 4-4-2, só para inglês ver, porque na prática,
era um futebol de encantar, com dois laterais: Junior e Leandro sem posição
fixa, Cerezzo, primeiro volante, que atacava constantemente, sem contar a troca
de posições de Zico, Sócrates, Falcão e Eder, apenas Serginho na frente. Para
mim bem caracterizado o 4-1-4-1, concordem ou não. Em 86 com o time
envelhecido, muitos defalques, Leandro se recusou a viajar, Zico lesionado no
joelho, não conseguiu ser o mesmo, Junior foi jogar no meio campo e Sócrates
não reeditou seus bons momentos. Nesta Copa ficou caracterizado o 4-4-2. Em
1990 com Lazaroni veio o 3-5-2, bom deixa pra lá. Em 1994, o Brasil ganhou a
Copa jogando em um 4-4-2 em forma de quadrado. Em 1998, voltamos com o mesmo
esquema: 4-4-2, em 2002 Scolari reeditou o 3-5-2 de Lazaroni, só que tinhamos o
Ronaldo Fenomeno, o Rivaldo, Ronaldinho Gaucho, Roberto Carlos, todos voando,
aí irmão, com qualquer esquema, tudo dá certo. Em 2006 e 2010 voltou ao 4-4-2.
E na verdade, assim caminha a humanidade.
De Boer considerou o Barça de Guardiola
a melhor equipe de todos os tempos
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