domingo, 26 de setembro de 2010

Será que a Biologia está atuando contra a equipe do Flamengo?

A equipe do flamengo está mal condicionada fisicamente? Só este critério não serve para explicar a fase que vive a equipe da Gávea. Quando o Flamengo contratou o técnico Silas, depois do primeiro jogo, o mesmo levantou uma suspeita: a equipe precisa evoluir fisicamente. Esse critério serve para justificar o que na verdade? E os outros critérios que sustentam a preparação de um atleta de futebol profissional? Técnica individual, técnica coletiva, tática individual, tática coletiva, estratégia. Esses parâmetros também podem ser acrescidos para justificar o rendimento da equipe no Campeonato Brasileiro de 2010.

Assistindo o jogo do Flamengo contra o Palmeiras no sábado, dia 25/09, uma questão ficou clara pra mim: a recomposição da equipe Flamenguista não é feita com a velocidade que o futebol brasileiro exige. O futebol exige eficiência coletiva para atacar e defender. Quanto mais ajustada e qualificada for à aplicação desses princípios durante o jogo, melhor poderá ser o desempenho da equipe ou do atleta na partida Essa nomenclatura se chama tática e estratégia coletiva, e engloba: treino físico (força, potência e resistência), técnica, tática, estratégia e psicológica.

Quando a equipe não se recompõe com a velocidade desejada, surgem as vozes: o time está mal condicionado fisicamente, e obviamente é remetido para o treino analítico, individual, descontextualizado do jogo. Lego engano, pode até melhorar, mas não irá solucionar, e o problema continua.

Se o problema for coletivo, deve ser treinado coletivamente, simulando: saída rápida, agrupa, recomposição, sincronismo. Definir se vai marcar a saída de bola do adversário, se a marcação é por setor, do meio de campo para trás, intermediária para trás, definir estratégia e a partir daí estruturar o treino. Se o técnico pretende fazer marcação pressão, não adianta pedir para o preparador físico aumentar a carga de treino, o problema vai continuar. Esse tipo de treino é direcionado ao jogo, a estratégia, a visão macro do treino.

O objetivo da recomposição em velocidade tem alguns objetivos: não permitir inferioridade numérica no meio de campo e na zona defensiva, anular as situações de contra ataque e ataque do adversário, recuperar a posse de bola, impedir a progressão do adversário, reduzindo seu espaço de jogo. A seleção Espanhola usou a seguinte estratégia na Copa da África em 2010. Quando perdia a bola na zona de ataque, era ali que começava a pressão para recuperar a posse de bola, utilizando intensidade alta em quem estivesse com a posse de bola. Já com a posse da bola, iniciava o processo de recuperação dos seus atletas, ou seja, tocava a bola de pé em pé agrupada, até que seus atletas estivessem prontos para novo ataque ao adversário. Isso se chama “estratégia”. A estratégia é treinada, planejada de maneira coletiva não individual.

Para se afirmar que uma equipe está mal condicionada, um único critério não é suficiente. A harmonia de uma equipe é que vai ajustar o seu jogo. Atacar por atacar não resolve. Ouço muito os técnicos falarem em: cobertura defensiva, balanço defensivo, mas não os vejo falando sobre coordenação coletiva, vou exemplificar. Coordenação diz respeito a organização, e pode ser de um sistema tático adotado para aquela partida. Exemplo: Flamengo com posse de bola pelo lado esquerdo, vai trabalhar sempre em triangulações pelo lado do campo, com Juan, Diogo e Renato. Isso requer movimentação, deslocamento em diagonal ou linha reta e que os três atletas atuem em sincronismo. Só que esses atletas precisam de segurança para realizarem as ações, e neste momento que entra o equilibrio funcional da equipe. Os volantes Toró e Willians, os zagueiros, Jean e David o lateral direito Léo Moura, precisam redirecionar seu posicionamento para dar suporte ao lado esquerdo e assim executar a função com tranquilidade. Isso serve para o lado direito. Podem utilizar a nomenclatura que acharem conveniente: compactação, bloco homogeneo, unidade funcional coletiva, ponto de apoio ao ataque, marcação ofensiva, isso é o que menos importa. Em termos práticos, a aplicação desses princípios se manifesta em situações em que o jogador sente que a sua equipe dispõe de organização de base que possibilite a ocorrência de compensações ou apoios às ações, garantindo efetividade e organização.

Com efeito, um jogador ao assumir outra posição ou função específica no jogo, conforme a configuração momentânea espera que outro companheiro supra as suas obrigações e a sua posição dentro do sistema de jogo da equipe (CASTELO, 1996).

A média de idade da equipe do Flamengo que entrou em campo sábado é de 29 anos mais ou menos. Isso também não se explica. O atleta que tem 38 anos na equipe carioca só entrou em campo aos 20 min do segundo tempo. Será que a Biologia esta atuando contra os atletas do Flamengo? Segundo a especialização desportiva, o treinamento por promover alterações orgânicas e celulares específicas, resultando em modificações da interação existente entre esses componentes do organismo, pode ser o principal fator responsável pelo aparecimento da barreira de rendimento físico. Esse problema pode se exemplificado com a perda progressiva da capacidade de elevar o rendimento físico, e pela diminuição da capacidade de síntese de mitocôndrias musculares com o treinamento da resistência aeróbia e anaeróbia. De acordo com o paradigma da auto-organização, para que o estímulo do exercício promova desestabilização homeostática com supercompensação, o organismo deve possuir alto grau de conectude entre as suas diversas partes constituintes.

Abraços.
 
 

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