Eles chegaram de novo. A equipe de Bernardinho & Cia, chega a mas uma final. A seleção de vôlei começou com incerteza. Tem um detalhe que causa espanto: na hora necessária eles estão lá. Venceram a Alemanha com autoridade e na semifinal contra os donos da casa, os Italianos, mostraram porque estão na final em busca do tri campeonato mundial. Eles são os caras.
Impressionante a entrevista que o Globo.com fez com o técnico Edson Tavares. Jogou por anos na Suiça, se tornou bilingue, foi trabalhar no mundo Árabe e em 2007 foi contratado para comandar a seleção do Haiti. Sua missão: reconstruir o futebol.
Brasil espanta a polêmica, despacha a Itália e avança à final em busca do tri
Clima hostil, troca de farpas, acusações voando de um lado para o outro. Quando a bola subiu neste sábado, o Brasil só precisou de 20 minutos para pulverizar duas semanas de polêmicas. Foi o tempo que durou o primeiro set da semifinal, num avassalador 25/15 que nocauteou a seleção italiana e fez a torcida se engasgar com as vaias na Arena de Roma. Dali em diante, os comandados de Bernardinho se dedicaram à tarefa de abater os donos da casa. Até então invicta, a Azzurra até se levantou e roubou a terceira parcial, mas logo voltou para o chão. Com grandes atuações de Leandro Vissotto e Marlon, que segurou a onda após uma lesão de Bruninho, a seleção verde-amarela aplicou um incontestável 3 a 1 (25/15, 25/22, 23/25 e 25/17) e saltou para encarar na final deste domingo a última barreira antes do tri mundial: os valentes cubanos.
Festa em amarelo na Arena de Roma: o Brasil despacha a
Itália e avança para a decisão (Foto: Reuters)
Se conseguiu escapar de Cuba na terceira fase ao perder para a Bulgária, agora não tem mais jeito. Será justamente contra os caribenhos a decisão do Mundial, às 16h15m de domingo, com transmissão ao vivo do SporTV. Na primeira fase do torneio, eles levaram a melhor, batendo os brasileiros por 3 a 2 num jogo espetacular. Agora o cenário é diferente e vale a medalha de ouro.
O equilíbrio que todos esperavam neste sábado não chegou a acontecer. Após um primeiro set irrepreensível, o Brasil perdeu Bruninho, que levou um pisão acidental de Murilo no pé esquerdo. O levantador deu lugar a Marlon e ainda tentou voltar no fim da terceira parcial, mas não resistiu. Mesmo após todos os problemas físicos que teve no início do Mundial, com uma doença no intestino, Marlon deu conta do recado com sobras. Foi um dos motores da vitória verde-amarela, ao lado de um quase infalível Vissotto, autor de 24 pontos.
- Estou muito feliz por ter ajudado o time a vencer, mas o fim da guerra é amanhã. Temos que ter a cabeça no lugar para ganhar - afirmou Vissotto, em entrevista ao SporTV.
Brasil venceu e foi à final (Foto: AFP)
Os fiscais de linha, italianos, cometiam erros grosseiros a favor do time da casa, e era o juiz chinês que corrigia as falhas. Os brasileiros tentavam não perder a cabeça. Mas, como Rodrigão tinha previsto durante a semana, as provocações começaram no terceiro set. Vermiglio falava com Dante, que andava pela quadra.
Vermiglio provocava na rede. Durante um rali, chegou a cair no chão e demorou a levantar. A pedido de Dante, o juiz parou o ponto. O brasileiro foi até o levantador, que dispensou a ajuda. Dante insistiu, estendendo a mão, mas o italiano não parava de falar. Virou-se para Vissotto, que o chamou de maluco.
Os brasileiros festejam a vitória (Foto: AFP)
A Arena de Roma já não gritava. Os italianos já não provocavam. Os fiscais de linha já não ajudavam. E o Brasil garantia a vaga na final, sem se desviar do caminho que leva ao tricampeonato mundial.
Uma obra triste do destino colocou o técnico Edson Tavares no caminho do Haiti. Por conta do terremoto de sete graus que chocou o mundo e arruinou o país em janeiro, a Federação de Futebol, em parceria com a ONG Viva Rio, optou por dar chance aos brasileiros no comando - é assim também na seleção feminina. O treinador, que até pensara em abandonar o esporte, em 2007, pediu demissão de seu clube no Omã e aceitou o desafio.
Não está apenas no bigode a semelhança de Edson Tavares com René Simões (Foto: André Durão)
Edson Tavares foi para a Suíça, ainda jovem, tentar futuro no futebol como todo jogador deslumbra. Viveu por lá durante 18 anos, incrementou o currículo com o francês entre as línguas fluentes - é como se comunica com os jogadores - e realizou um curso de treinador. Depois, passou muitas temporadas no Oriente Médio, entre Irã, Omã e outros países. Agora são novos tempos.
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o treinador se mostrou animado com o projeto, apesar de todas as dificuldades dentro e fora de campo e do seu estilo calmo, semelhante ao de René Simões, a quem foi “aluno” nos tempos de Vasco. A meta, é claro, é vaga na Copa do Mundo de 2014, embora admita que ainda é um sonho muito distante da realidade do Haiti, que está no Rio de Janeiro em preparação para a pré-Copa Ouro, em novembro, em Trinidad e Tobago.
GLOBOESPORTE.COM: como surgiu o convite para treinar o Haiti?
EDSON TAVARES: Há três anos, em 2007, eu tinha decidido parar com o futebol. Um amigo que é agente da Fifa me apresentou a uma pessoa que tinha sido dirigente do Flamengo, Nildo Leão. Era diretor de futebol numa equipe da Grécia. Passou um tempo e nesse ano quando eu voltei dos Emirados, de férias, ele ligou para mim. Precisavam de um treinador bilíngue. Encontrei-me com ele, que explicou o projeto da ONG Viva Rio. O presidente veio ao Rio para ver as instalações e deu o aval dele. Só que a decisão demorou e eu voltei para o Omã. Fiquei até agosto, quando confirmaram tudo e pude assinar minha carta de demissão.
Treinador morou 18 anos na Suíça, onde tentou
fazer sucesso como jogador (Foto: André Durão)
GE. Esse projeto é até o fim das eliminatórias?
O projeto de futebol é 90 minutos. A vida de treinador é 90 minutos também. Então, em tese, é até o fim das eliminatórias mesmo. Mas a gente vive uma realidade desagradável no mundo inteiro, exceção à Europa.
GE. O Haiti tem realmente condição de surpreender?
Se houver investimento, sim. Eles têm material humano, o pessoal não é bobo, sabem jogar e têm qualidade, mas falta muita coisa ainda para desenvolver. Refiro-me à base local. A base do exterior, em teoria, é formada de jogadores que estão formados, independentes financeiramente e que não moram no Haiti. Acredito que naquela zona da América Central há poucas equipes para ir à Copa do Mundo. Estados Unidos e México são de carteirinha, mas nem sempre os mexicanos vão. Ainda temos Costa Rica, Honduras, Jamaica... E só. É diferente da América do Sul, que temos dez países mais ou menos no mesmo nível, exceção à Brasil e Argentina. Quase todos já foram à Copa do Mundo. A Venezuela está muito forte. O Brasil não ganhou da Bolívia nas eliminatórias.
GE. Houve algum progresso no futebol do Haiti nos últimos anos?
Tem que se considerar que houve uma catástrofe no país esse ano. Então a liga, que era para começar em março, teve início em agosto. Eles estão jogando com um traumatismo muito grande. Muitos jogadores morreram, familiares, o que acabou igualando o nível. Antes eu soube que estava progredindo muito, talvez pela influência brasileira.
Técnico não sentou na janela do ônibus e ainda brincou com
a equipe de reportagem (Foto: André Durão)
GE. O que dá para tirar de proveito do mês que vocês ficam no país (a cada três, os outros dois são no Brasil)?
Lá é observação, pegar os jogadores e colocar para treinar. E só. A estrutura é zero, está tudo destruído. Caiu prédio, morreu treinador... Eu, inclusive, só estou aqui porque o treinador morreu. Mas vai acontecer alguma coisa, pois a Fifa está construindo um novo centro da Federação. É claro que não sabem fazer campo de futebol, fazem sem sistema de drenagem, vestiário sem chuveiro... Esse tempo em que fiquei lá pude ajudar a fazer as coisas profissionalmente. Há outro centro que é o do Viva Rio, esse sim de altíssima qualidade e primeiro mundo. Acho que com capacidade para 200 ou 300 atletas, boas acomodações, piscina, cozinha, quadra de areia... Tem de tudo lá.
GE. Você comentou sobre a alegria e descontração dos jogadores, algo cultura. Eles chegaram a desabafar e contar histórias sobre a tragédia?
Não. E eu nunca perguntei. Não se deve tocar em ferida fechada ou que se quer fechar. Não vou entrar nesse detalhe. A evidência está lá. O próprio presidente da federação ficou com sequelas, com mão e perna paralisadas
Abraços
Fonte:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2010/10/animado-com-reforma-do-futebol-no-haiti-tecnico-acredita-em-surpresas.html
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2010/10/brasil-espanta-polemica-despacha-italia-e-avanca-final-em-busca-do-tri.html
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